05.08.2013 Views

Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

No que tange à ausência – percebi<strong>da</strong> pelo autor, ora como simples inexistência<br />

<strong>de</strong> políticas públicas culturais, ora, em sua mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> neoliberal, como retração<br />

intencional do protagonismo do Estado no campo cultural – a pesquisa aqui<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> <strong>de</strong>monstrou que o posicionamento do MinC frente ao cenário digital<br />

caminhou em sentido francamente oposto, ao reconhecer, amadurecer e conquistar um<br />

novo campo para suas políticas públicas: a cultura digital.<br />

No plano mais amplo <strong>da</strong> gestão, Rubim registra, no artigo “Políticas culturais no<br />

governo Lula/Gil: <strong>de</strong>safios e enfrentamentos”, <strong>de</strong> 2008, que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua posse, a gestão<br />

Gil adotou discursos programáticos que privilegiaram dois temas opostos à tradição <strong>da</strong>s<br />

ausências. Em primeiro lugar, preconizou o papel ativo do Estado na formulação e<br />

implementação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> cultura, e, em segundo, criticou <strong>de</strong> forma contun<strong>de</strong>nte a<br />

gestão FHC/Weffort, no que esta significou <strong>de</strong> submissão ao mercado, por conta <strong>da</strong><br />

atuação concentra<strong>da</strong> nas leis <strong>de</strong> incentivo.<br />

Rubim acrescenta que, “[...] para além dos discursos, Gil e Juca buscaram<br />

construir <strong>de</strong> maneira contínua uma atitu<strong>de</strong> ativa do Estado no registro <strong>da</strong> cultura [...]”<br />

(Rubim, 2008) – o que, no campo <strong>da</strong> cultura digital, se <strong>de</strong>u em caráter inaugural. O<br />

autor aponta, no entanto, que po<strong>de</strong>ria ter sido maior o incentivo ao <strong>de</strong>bate político sobre<br />

o lugar contemporâneo do Estado no campo <strong>da</strong> cultura, “[...] <strong>de</strong>pois do Estado todo-<br />

po<strong>de</strong>roso dos períodos autoritários e do Estado-Mínimo neoliberal [...]” (Rubim, 2010a)<br />

Lia Calabre acrescenta que a gestão Gil atuou no sentido <strong>da</strong> construção real <strong>de</strong><br />

um Ministério <strong>da</strong> Cultura, sintonizado com os <strong>de</strong>safios contemporâneos, bem como <strong>de</strong><br />

sua valorização <strong>de</strong>ntro do sistema <strong>de</strong> governo, o que envolveu a persistente luta pela<br />

ampliação <strong>de</strong> seu orçamento, <strong>de</strong> forma a permitir o apoio direto, através <strong>de</strong> fundos<br />

setoriais, a projetos que, por sua natureza, não têm viés <strong>de</strong> mercado. A autora <strong>de</strong>staca<br />

também o empenho na construção participativa <strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças<br />

estruturais na Lei Rouanet e a recomen<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> adoção, pelas empresas patrocinadoras,<br />

<strong>de</strong> editais <strong>de</strong> seleção pública <strong>de</strong> projetos que possam <strong>de</strong>mocratizar o acesso às verbas <strong>de</strong><br />

patrocínio beneficia<strong>da</strong>s por renúncia fiscal. (Calabre, 2007)<br />

Sobre a segun<strong>da</strong> <strong>da</strong>s “três tristes tradições” aponta<strong>da</strong>s por Rubim – o<br />

autoritarismo – o autor consi<strong>de</strong>ra que a atitu<strong>de</strong> do Estado na gestão Gil se fez,<br />

majoritariamente, “em conexão com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>”. (Rubim, 2010a). Rompia-se assim<br />

outra “tendência histórica brasileira”, <strong>de</strong>ssa vez registra<strong>da</strong> por José Álvaro Moisés, em<br />

2001, no livro Cultura e <strong>de</strong>mocracia, segundo a qual, a ausência <strong>de</strong> políticas culturais<br />

183

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!