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Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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Passando pelos Estados Unidos, os Estudos Culturais chegam à América Latina<br />

nos anos 1980, legitimando-se como espaço acadêmico privilegiado para a reflexão<br />

sobre os processos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização então em curso nos países do Cone Sul. Passam<br />

a absorver, ain<strong>da</strong>, as novas questões suscita<strong>da</strong>s, tanto pelo cenário <strong>de</strong> globalização,<br />

envolvendo a reorganização <strong>da</strong>s fronteiras nacionais e acordos supranacionais que<br />

passam a <strong>de</strong>terminar as relações culturais e econômicas, quanto pela eclosão <strong>de</strong> novas<br />

formas <strong>de</strong> articulação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil e <strong>de</strong> diálogo <strong>de</strong>sta com o Estado (Hollan<strong>da</strong>,<br />

2000a).<br />

De acordo com Heloisa Buarque <strong>de</strong> Hollan<strong>da</strong>, os Estudos Culturais ganham<br />

força na América Latina no momento em que se intensifica, no campo político e<br />

acadêmico, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> uma “socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil global”, espaço que passa a<br />

ser reivindicado por movimentos sociais e por <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s culturais emergentes, para<br />

novos <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, estratégias e políticas, bem como para o fortalecimento<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>res locais. (Hollan<strong>da</strong>, 2000a).<br />

A autora ressalta, nessas novas estratégias <strong>de</strong> caráter transnacionalizado, a<br />

recolocação <strong>da</strong>s diferenças locais como princípio constitutivo e instrumental <strong>de</strong>ssas<br />

i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s: “[...] é sobretudo a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> contextual <strong>da</strong>s diferenças produzi<strong>da</strong>s<br />

transnacionalmente que vão tornar-se o eixo central do <strong>de</strong>bate para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

políticas públicas, culturais e estéticas, tanto locais quanto globais.” 11<br />

Arturo Escobar vê a chega<strong>da</strong> dos Estudos Culturais à América Latina como “[...]<br />

um projeto transnacional para pensar sobre o mundo presente e seus futuros<br />

possíveis.” 12 Nesse sentido, frente às novas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> expressão e <strong>de</strong> acesso ao<br />

conhecimento suscita<strong>da</strong>s pelas re<strong>de</strong>s e tecnologias digitais, e, por outro lado, diante do<br />

quadro <strong>de</strong> divisão digital 13 em que mais <strong>de</strong> 70% <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> estão, ain<strong>da</strong>, alijados<br />

<strong>de</strong>ssas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s 14 , a presente observação <strong>da</strong> cibercultura, sob a ótica dos Estudos<br />

Culturais, aponta para inúmeras questões, como: o papel <strong>de</strong> políticas públicas volta<strong>da</strong>s<br />

não apenas à universalização do acesso à re<strong>de</strong>, mas também à promoção <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

11 Hollan<strong>da</strong>, Heloisa Buarque <strong>de</strong>. Os Estudos Culturais, seus limites e perspectivas: o caso <strong>da</strong> América<br />

Latina. Disponível em (http://www.heloisabuarque<strong>de</strong>hollan<strong>da</strong>.com.br/?p=205). Acesso em 27/08/2010.<br />

12 Escobar, Arturo; Alvarez, Sonia. The Making of Social Movements in Latin America: i<strong>de</strong>ntity, strategy<br />

and <strong>de</strong>mocracy. São Francisco: Westview Press, 1992. Apud Hollan<strong>da</strong>, Heloisa Buarque <strong>de</strong>. Op. cit.<br />

13 Manuel Castells i<strong>de</strong>ntifica como divisão digital “[...] a divisão cria<strong>da</strong> entre os indivíduos, firmas,<br />

instituições, regiões e socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s que têm as condições materiais e culturais para operar no mundo digital,<br />

e os que não têm, ou não conseguem se a<strong>da</strong>ptar à veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça.” (Castells, 2003).<br />

14 Diponível em (http://www.internetworldstats.com.). Acesso em 22/11/10.<br />

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