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Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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trabalhavam no sentido <strong>da</strong> conscientização e <strong>da</strong> participação do povo no processo<br />

político do país.<br />

O anteprojeto do Manifesto do CPC, por exemplo, redigido em 1962, ressaltava<br />

a “opção preferencial pelo povo”: “[...] os membros do CPC optaram por ser povo, por<br />

ser parte integrante do povo, <strong>de</strong>stacamentos <strong>de</strong> seu exército no front cultural.” (apud<br />

Hollan<strong>da</strong>, 1980). Já para os tropicalistas, “[...] enten<strong>de</strong>r a cultura <strong>de</strong> massa era tão<br />

importante quanto enten<strong>de</strong>r as massas revolucionárias.” 43 Esse antagonismo acaba por<br />

motivar o Manifesto antitropicalista, redigido por Boal em 1968, cujo título era<br />

“Tropicalismo: símbolo <strong>da</strong> mais burra alienação”. 44<br />

Anos mais tar<strong>de</strong>, Gil contaria que chegara a ter uma participação no CPC <strong>da</strong><br />

Bahia: “[...] fui me <strong>de</strong>dicar ao setor mais popular: arrumar uma escola <strong>de</strong> samba, na<br />

Roça do Lobo, nos Barris, no Dique do Tororó, e trazê-la pro CPC, e trabalhar uma<br />

vertente artístico-política, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> perspectiva revolucionária que guiava o movimento<br />

estu<strong>da</strong>ntil <strong>da</strong>quela época.” 45 Segundo Capinan, que, como Tom Zé, participava<br />

ativamente do movimento, nem Gil nem Caetano eram, propriamente, militantes:<br />

Caetano chegou a escrever uma canção pra uma escola <strong>de</strong> samba que<br />

estava sendo cria<strong>da</strong> no CPC, que, aliás, não saiu. Nem Gil nem Caetano eram<br />

militantes do CPC, mas, como aquilo era um centro <strong>de</strong> produção intelectual<br />

<strong>de</strong> jovens, todos ficavam ali por perto. Tom Zé e diversos jovens educadores<br />

e cineastas, Orlando Sena, Geraldo Sarno... Este veio a ser mais tar<strong>de</strong> o<br />

primeiro diretor <strong>de</strong> curtas-metragens com preocupações sociológicas. A<br />

Bahia era uma muvuca cultural. 46<br />

De to<strong>da</strong> forma, a escolha <strong>de</strong> Gil como ministro <strong>da</strong> cultura, 35 anos <strong>de</strong>pois,<br />

mostrava-se explosiva. Era a primeira vez que um artista <strong>da</strong> MPB chegava a um posto<br />

tão alto na esfera política fe<strong>de</strong>ral, mas tê-lo no primeiro escalão do governo Lula<br />

reacendia inquietações e conflitos antigos: “[...] as pessoas esperavam que o ministro <strong>da</strong><br />

43<br />

Oliveira, Ana <strong>de</strong>.; Coelho, Fre<strong>de</strong>rico.; Rennó, Carlos. Disponível em (http://tropicalia.uol.com.br).<br />

Acesso em 06/09/2010.<br />

44<br />

O Manifesto encontra-se na íntegra disponível em<br />

(http://insurretosfuriosos<strong>de</strong>sgovernados.blogspot.com/2009/05/manifesto-anti-tropicalista-poraugusto.html).<br />

Acesso em 22/05/10.<br />

45<br />

Depoimento <strong>de</strong> Gilberto Gil a Ana <strong>de</strong> Oliveira para o site www.tropicalia.com.br, em 2007, publicado<br />

no volume Gilberto Gil, <strong>da</strong> série Encontros (Org. Sergio Cohn), Beco do Azougue.<br />

46<br />

Entrevista <strong>de</strong> Capinan para o site Tropicália.<br />

26

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