Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...
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digital. É isso o que <strong>de</strong>ve ser feito, ao invés <strong>de</strong>ssa guerra extrema contra<br />
quem usa as tecnologias digitais. 345<br />
Vianna acrescentava que a atenção do ministro ao conceito copyleft se<br />
justificava também pelas priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua gestão, relaciona<strong>da</strong>s à afirmação dos<br />
direitos culturais e <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s no discurso <strong>de</strong> posse:<br />
Para quem não tem gravadora – a maioria <strong>da</strong> gente que faz música – é<br />
inegável que a situação atual, mesmo ain<strong>da</strong> confusa, se revela como uma<br />
incrível e inédita oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, e não como uma ameaça, pois permite que<br />
suas obras tenham acesso a mercados e meios <strong>de</strong> distribuição com amplitu<strong>de</strong>,<br />
vigor e in<strong>de</strong>pendência completamente inviáveis no passado. Todo dia surgem<br />
novas formas locais e mais baratas <strong>de</strong> gravação, reprodução, distribuição,<br />
divulgação, etc. É uma situação francamente positiva do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong><br />
inclusão <strong>de</strong>mocrática, <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e, em última análise e por isso mesmo,<br />
<strong>da</strong> eficiência competitiva no mercado. Quem tem música boa e disposição<br />
para o trabalho (mesmo as velhas gravadoras), não precisa temer os novos<br />
tempos. Os governos <strong>de</strong>vem garantir que grupos diferentes possam exercer<br />
plenamente essa oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, que possam ter acesso aos equipamentos –<br />
inclusive ferramentas para proteção legal – que facilitem seu trabalho<br />
criativo.<br />
No ano passado, fazendo o programa Central <strong>da</strong> Periferia 346 , pu<strong>de</strong><br />
conversar com muitos dos músicos mais populares hoje no Brasil, quase<br />
todos pertencentes à maioria que não tem contrato com gravadoras, gran<strong>de</strong>s<br />
ou in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Eles mesmos produzem seus CDs “em casa”, e aí sim<br />
liberam geral, torcendo para que sejam vendidos pela pirataria (on<strong>de</strong> mais<br />
vão ven<strong>de</strong>r, se as lojas <strong>de</strong> disco fora <strong>de</strong> Rio e São Paulo sumiram?). Ou seja,<br />
ficam totalmente <strong>de</strong>sprotegidos. É obrigação, portanto, do Ministério <strong>da</strong><br />
Cultura pensar em como proteger essa maioria, trazendo-a para a legali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
mas uma legali<strong>da</strong><strong>de</strong> realista, não fantasiosa, sem fingir que vivemos no<br />
mundo <strong>de</strong> antes dos computadores com gravadores <strong>de</strong> DVD, sem querer<br />
numerar CDs logo agora que os CDs estão con<strong>de</strong>nados a <strong>de</strong>saparecer, sem<br />
proibir a cópia <strong>de</strong> músicas <strong>de</strong> CDs legalmente comprados para tocadores <strong>de</strong><br />
MP3 (como a lei brasileira, se interpreta<strong>da</strong> ao pé <strong>da</strong> letra, proíbe), sem propor<br />
marcas-d’água digitais que não funcionam (e criam riscos <strong>de</strong> que nossas<br />
vi<strong>da</strong>s na re<strong>de</strong> sejam vigia<strong>da</strong>s totalitariamente por gravadoras e outras<br />
empresas <strong>de</strong> mídia). É esse <strong>de</strong>bate, é essa procura <strong>de</strong> novos caminhos, <strong>de</strong><br />
novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio, mais colaborativos, mais <strong>de</strong>scentralizados, mais<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> 3 ou 4 intermediários monopolistas, que tanto o ministro<br />
Gilberto Gil, quanto o artista Gilberto Gil querem incentivar. 347<br />
No dia 4 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2004, durante o V Festival Internacional <strong>de</strong> Software Livre<br />
(FISL), em Porto Alegre, evento que, naquele ano, recebia mais <strong>de</strong> 4.800 participantes<br />
<strong>de</strong> 35 países, o CTS <strong>da</strong> <strong>FGV</strong>/Direito-Rio lança, oficialmente, e com a presença <strong>de</strong> seu<br />
345 Artigo “O problema não são os piratas – é a lei!'”, <strong>de</strong> Alexandre Matias e Rodrigo Martins, publicado<br />
no Esta<strong>da</strong>o.com.br, em 04/02/09. Disponível em<br />
(http://br.tecnologia.yahoo.com/article/04022009/25/tecnologia-noticias-problema-nao-sao-piratas.html).<br />
Acesso em 12/06/10.<br />
346 Programa na TV Globo, apresentado por Regina Casé.<br />
347 Disponível em (http://www.overmundo.com.br/overblog/o-contrario-do-liberou-geral). Acesso em<br />
01/06/10.<br />
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