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Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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No prefácio escrito por Barlow para o livro Content, <strong>de</strong> Cory Doctorow, lançado<br />

em 2008, e ain<strong>da</strong> não publicado no Brasil, o autor consi<strong>de</strong>ra a própria expressão<br />

“conteúdo” um artifício <strong>da</strong> indústria cultural, que tendo, até então, vendido livros,<br />

filmes e discos, tentava ofuscar a imateriali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias embuti<strong>da</strong>s em arquivos<br />

digitais, no ambiente virtual, atribuindo a elas o caráter <strong>de</strong> “coisa”.<br />

O autor <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que é preciso <strong>de</strong>senvolver um conjunto <strong>de</strong> regras<br />

inteiramente novo que possa <strong>da</strong>r conta dos inéditos impasses trazidos pelo contexto <strong>da</strong>s<br />

re<strong>de</strong>s e tecnologias digitais:<br />

Se a nossa proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser infinitamente reproduzi<strong>da</strong> e<br />

instantaneamente distribuí<strong>da</strong> em todo o planeta, sem custo, sem nosso<br />

conhecimento, sem mesmo <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser nossa, como vamos protegê-la?<br />

Como vamos ser pagos pelo trabalho que fazemos com nossas mentes? E, se<br />

não po<strong>de</strong>mos ser pagos, o que garante a continuação <strong>da</strong> criação e a<br />

distribuição <strong>de</strong> tal trabalho? Des<strong>de</strong> que nós não tenhamos uma solução para o<br />

que é um tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>safio profun<strong>da</strong>mente novo e estejamos aparentemente<br />

incapacitados a impedir a galopante digitalização <strong>de</strong> tudo que não seja<br />

obstina<strong>da</strong>mente físico, nós estaremos navegando para o futuro num navio que<br />

afun<strong>da</strong>. Este navio, a lei do copyright e <strong>da</strong>s patentes, foi <strong>de</strong>senvolvido para<br />

li<strong>da</strong>r com formas e meios <strong>de</strong> expressão inteiramente diferentes <strong>da</strong> carga<br />

vaporosa que ele agora tem que transportar. Está fazendo água tanto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro como <strong>de</strong> fora. Os esforços para manter o velho navio flutuando são <strong>de</strong><br />

três tipos: uma frenética rearrumação <strong>da</strong>s ca<strong>de</strong>iras no convés, um aviso aos<br />

passageiros <strong>de</strong> que se afun<strong>da</strong>rem serão penalmente processados, ou um<br />

simples e sereno ignorar o que se passa. 260<br />

Barlow consi<strong>de</strong>ra que, na cultura <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s digitais, prevalecerá a economia do<br />

relacionamento, basea<strong>da</strong> em reputações, na qual as pessoas serão valoriza<strong>da</strong>s, não pela<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> material ou pelos direitos <strong>de</strong> copyright que <strong>de</strong>têm, mas pelo que fazem, por<br />

seu mérito, atitu<strong>de</strong>s, produção e capital social, aspectos que, combinados, estimulariam<br />

novas formas <strong>de</strong> remuneração e <strong>de</strong> negócios. Essa concepção já mostrava seus primeiros<br />

sinais na ca<strong>de</strong>ia produtiva <strong>da</strong> música, que, revoluciona<strong>da</strong> pelos impasses em curso,<br />

começava a apresentar transformações em duas frentes: a ênfase em novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

negócio, baseados, menos na ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> fonogramas, e mais na valorização <strong>de</strong> shows <strong>de</strong><br />

música ao vivo; e a participação crescente <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s sociais como estratégia <strong>de</strong><br />

comunicação, circulação <strong>de</strong> conteúdos, gerenciamento <strong>de</strong> carreiras artísticas e formação<br />

<strong>de</strong> público (Herschmann, 2007), como já visto, por exemplo, no caso do Tecnobrega<br />

paraense, citado no capítulo dois.<br />

260 Ibi<strong>de</strong>m.<br />

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