Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...
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mensagem” 203 . Em contraponto à visão <strong>de</strong> MacLuhan, no entanto, Stuart Hall adverte<br />
para o fato <strong>de</strong> que não foi supera<strong>da</strong> a constatação <strong>de</strong> que “[...] os meios reproduzem a<br />
estrutura <strong>de</strong> dominação e subordinação que caracteriza o sistema social como um todo<br />
[...]”. 204<br />
Pierre Lévy registra que as tecnologias não trazem consigo os usos que <strong>de</strong>las<br />
serão feitos e que a revolução tecnológica contemporânea é somente “[...] uma <strong>da</strong>s<br />
dimensões <strong>de</strong> uma mutação antropológica <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> [...]”. (Lévy, P., 1998) E<br />
acrescenta:<br />
As técnicas criam novas condições e possibilitam ocasiões inespera<strong>da</strong>s<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s pessoas e <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas elas não<br />
<strong>de</strong>terminam nem as trevas, nem a iluminação para o futuro humano [...] Que<br />
tentemos compreendê-la, pois a questão não é ser contra ou a favor, mas sim<br />
reconhecer as mu<strong>da</strong>nças qualitativas na ecologia dos signos, o ambiente<br />
inédito que resulta <strong>da</strong> extensão <strong>da</strong>s novas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação para a vi<strong>da</strong><br />
social e cultural. Apenas <strong>de</strong>ssa forma seremos capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver essas<br />
novas tecnologias <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma perspectiva humanista. (Lévy, P., 1998)<br />
Usando como exemplo a invenção <strong>da</strong> chaminé – que reconfigurara o espaço<br />
doméstico e familiar mo<strong>de</strong>rno ao trazer para o interior do espaço doméstico as reuniões<br />
em torno do fogo –, Michel Foucault consi<strong>de</strong>ra que são as transformações socioculturais<br />
em curso que geram novas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, que, por sua vez <strong>de</strong>man<strong>da</strong>m avanços<br />
tecnológicos:<br />
Mesmo que seja evi<strong>de</strong>nte que as técnicas têm influência direta na<br />
formação <strong>de</strong> novos comportamentos e novas culturas, é impossível admitir-se<br />
que esta mesma técnica tenha se <strong>de</strong>senvolvido caso não estivessem já<br />
ocorrendo transformações nos processos e estratégias <strong>da</strong>s relações humanas<br />
que apontassem nesta direção. 205<br />
Nesse sentido, a cibercultura não seria somente a cultura que <strong>de</strong>corre do<br />
ciberespaço, mas uma dimensão <strong>da</strong> cultura contemporânea que encontrou no<br />
ciberespaço um espaço privilegiado para sua manifestação (Britto, 2009). Este se<br />
configura, assim, como um ambiente social propício a práticas comunicacionais como<br />
e-mails, mensagens textuais instantâneas, listas, blogs, jornais eletrônicos, chats e<br />
203<br />
Em coautoria com Quentin Fiore, McLuhan publica em 1967 a obra The Medium is the Message: An<br />
Inventory of Effects.<br />
204<br />
Hall apud Finnegan, 1975.<br />
205<br />
Foucault, Michel.; Rabinow, Paul. The Foucault rea<strong>de</strong>r. 1984. O trecho citado foi traduzido e<br />
publicado no texto Quem tem medo <strong>da</strong> tecnologia?, <strong>de</strong> Heloisa Buarque <strong>de</strong> Hollan<strong>da</strong>. Disponível em<br />
(http://www.pacc.ufrj.br/heloisa/medo.html). Acesso em 12/05/10.<br />
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