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Baixar - Proppi - UFF

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semelhança na atitude corporal e na maneira de dançar também em uma filha-de-santo<br />

que estava em outra festa pública incorporando Xangô, e que neste dia somente dançou<br />

sem “baixar o santo”. Lembrei dos movimentos das costas e dos ombros bem peculiares e<br />

únicos desta mulher enquanto o Xangô dela estava presente, e reparei o mesmo molejo e<br />

a mesma forma destes movimentos no corpo da fiel dançando sem incorporar o Orixá (3<br />

Outubro 2009). Após estas observações, e respeitando a crença religiosa do que é o Orixá<br />

que está dançando na hora do transe no ritual de Candomblé, me perguntei: será que é o<br />

Oxaguiã dele que A. leva para a sala de aula? Ou seja, será que o corpo do A. foi<br />

moldado pela técnica corporal do Oxaguiã que ele carrega por anos que aprendeu a se<br />

movimentar de certa maneira e lembra esta maneira de dançar na hora da aula de dança<br />

Afro? Retomarei esta hipótese de “memória corporal” no capítulo 5, onde utilizarei as<br />

teorias fenomenológicas de aprendizagem, memória e inteligência do corpo para tentar<br />

explicar este fenômeno observado nos dois mundos (o sagrado e o profano) da dança de<br />

Orixás. Antes de chegar lá, quero dedicar uma parte da minha discussão às teorias de<br />

comunicação para melhor entender como opera a linguagem da dança Afro.<br />

CAPITULO 4- Ouvir o Outro<br />

(Comunicar dançando)<br />

Sinergia e Cooperação<br />

A dança e a percussão dizem claramente<br />

o que escapa ao discurso das palavras.<br />

Seu vocabulário permite sondar abismos do desconhecido.<br />

Claudio Alberto Dos Santos<br />

Vimos até agora como a dança, e em específico a dança de Orixás, é uma forma<br />

artística repleta de símbolos e significados. Foi evidenciado particularmente no<br />

capítulo anterior como cada gesto, cada movimento e cada cor de indumentária são<br />

elementos que representam, produzem e comunicam certos significados; no caso deste<br />

trabalho, estes elementos corporais representam, produzem e contam os mitos e as<br />

histórias das divindades protagonistas da religião afro-brasileira do Candomblé. Quero<br />

portanto neste capítulo focar mais na linguagem do corpo e na comunicação não<br />

verbal da expressão corporal, analisando a dança, e em particular a dança Afro, como<br />

texto repleto de mensagens e significados, evidenciando a variedade e pluralidade de

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