não são opostos; ao contrário, ambos fazem parte da natureza humana e convivem no Orixá Exu. Como explicam alguns dos seus mitos, Exu tem a capacidade de criar mal entendidos e confusões entre as pessoas, e arruma-lhes várias armadilhas. Esta característica é exemplificada por um dos seus mitos onde conta-se que Exu pintou metade de seu corpo de preto e a outra de vermelho (as cores que o representam) e apostou com dois amigos de acertar a sua cor para poder ganhar uma recompensa. Mas os dois estavam vendo somente um dos lados do corpo do Exu e acabaram brigando, enquanto Exu ria satisfeito (Ligiéro, 2006, p. 56). Esta personalidade confusa e brincalhona manifesta-se na dança desse Orixá. É muito raro achar alguém que seja filho de santo de Exu, e é portanto difícil ver a dança deste Orixá incorporado em alguém. Durante uma festa pública de Iemanjá em Nova Iguaçu, tive a sorte de observar um Exu Orixá, e fiquei muito impressionada com seus movimentos: “Junto com Iemanjá entrou Exu, com uma vara na mão e umas folhas nas costas. Ele acompanhava as Iemanjás de maneira muito calma até chegar a sua hora de dançar, quando começou a executar movimentos muito rápidos e agitados, saindo até do barracão; ele se locomovia com giros descontrolados, com os ombros sempre se movimentando, os braços executando movimentos amplos. Sua dança era imprevisível, sem regras, possuindo uma grande variedade de movimentos.” (9 Maio 2009) Os movimentos “descontrolados”, “agitados” e “sem regra” de Exu refletem sua personalidade. O corpo mostra uma postura impulsiva, rápida, difícil de controlar. Antes de ir assistir esta festa de santo onde observei a dança de Exu, tinha ensaiado dança de Orixás no Centro Coreográfico com Eliete e tínhamos estudado Exu entre eles. Durante o ensaio tive a seguinte experiência: Os movimentos de Exu são muito rápidos, sem regras, sem definição, mudando muito. Os passos tinham muita acentuação e um movimento do corpo descontrolado, como se estivesse quase caindo, confuso. Foi muito difícil dançar para Exu. (9 Maio 2009) Segundo as notas de campo, a dança de Exu que tentamos fazer durante o ensaio expressou, de maneira parecida com a dança do Orixá no terreiro, a personalidade agitada e descontrolada de Exu. A postura corporal assumida foi também parecida, executando movimentos rápidos, acentuados, repletos de mudanças improvisas e sem definição. Observando a dança de Exu no barracão e executando os movimentos deste Orixá no ensaio de dança, lembrei-me de uma perfomance de dança da companhia mineira SeráQue?que assisti no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) do Rio de Janeiro durante a qual o dançarino e coreógrafo Rui Moreira representou Exu no palco. O corpo de Rui estava pintado de preto e seus lábios de vermelho, representando as cores de Exu;
ele tinha uma saia feita de folhas que se espalharam pelo palco todo ao rodar. Os ombros estavam em constante movimento e ele não parava de rodar, com giros muito rápidos e fortes, transmitindo a sensação de uma entidade poderosa, mesmo para um observador que não conhecesse a mitologia dos Orixás (diário, 14 Setembro 2008). O corpo que dança para Exu é portanto um corpo imprevisível, um corpo que gira, um corpo com acentos, rápido e em contínua mudança. Terra OGUM Ogunhê
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