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Baixar - Proppi - UFF

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é inspirada pela postura dos filhos de santo no Candomblé: joelhos semi-flexionados e<br />

performance meio inclinada, tentando incorporar elementos da “postura ritual” no<br />

“trabalho da dança” (Conrado 2006, p. 40). O aspecto dos joelhos flexionados foi<br />

evidenciado por todos os professores em qualquer aula de dança Afro da qual tenha<br />

participado, tanto como dançarina quanto como observadora. Em uma aula de Tatiana em<br />

Salvador ela explicou: “A base do afro são joelhos sempre dobrados” (27 Agosto 2009).<br />

Este ensinamento é algo que Eliete sempre repete nas suas aulas, desde o próprio<br />

alongamento inicial; um dia, depois de uma sequencia de alongamento, ela disse: “o<br />

alongamento precisa envolver muito trabalho de torso, joelhos e molejo, tudo que é usado<br />

maiormente na dança Afro” (18 Maio 2009). O “molejo” é algo considerado fundamental<br />

para quem dança Afro; segundo a dissertação de Nelson Lima, esta flexibilidade do corpo<br />

em se movimentar harmoniosamente chamada molejo, e a capacidade de ter uma<br />

coordenação rítmicas são os dois elementos chave da técnica corporal da dança Afro<br />

(Lima, 1995, p. 77). Durante uma oficina de dança africana da qual participei no Centro<br />

Coreográfico dada pelo dançarino africano (da Costa de Marfim) George Momboye, me<br />

surpreendi ao reparar que a maioria dos gestuais e movimentos eram totalmente<br />

diferentes dos que conheço e que estou acostumada a fazer nas aulas de dança Afro da<br />

Eliete, ou de outros professores brasileiros. Entretanto, foi possível reparar como a base<br />

de joelhos flexionados, o molejo, a ampla movimentação de tronco e quadris e a<br />

polirritmia do som dos tambores fazem parte da dança africana também, rendendo o<br />

elemento “Afro” na dança aqui no Brasil reconhecível. Após a oficina alguns dos<br />

participantes que fazem dança Afro comentaram como esta disciplina de dança é<br />

totalmente diferente do ballet; “o Afro não tem nada de ponta, tudo é dobrado e<br />

flexionado, e tudo é no molejo, nada é esticado. Também tem muito braço, muita força”,<br />

comentou um dos participantes (19 Junho 2009). São exatamente estes detalhes, entre<br />

outros, que identificam as matrizes africanas na dança Afro no Brasil.<br />

Mais um elemento característico da dança Afro observado no meu campo de<br />

pesquisa é a grande movimentação da pélvis e dos quadris. Nadir Nobrega escreve que “a<br />

dança com os quadris é um patrimonio da nossa ancestralidade africana” (Oliveira, 2006,<br />

p. 140). Julio Cesar de Tavares, no seu estudo sobre capoeira citado anteriormente,<br />

escreve que na cultura africana a cintura assume a função-chave do corpo. A soltura dos

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