Baixar - Proppi - UFF
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O segundo elemento espacial que também não falta de ser lembrado aos dançarinos<br />
durante as aulas e ensaios é o sentido de direção. Assim como é importante respeitar o<br />
espaço de cada um e do lugar onde se está dançando, é também fundamental saber<br />
para onde seu corpo está indo. Durante uma aula no Circo Voador por exemplo,<br />
trabalhamos exclusivamente este elemento de noção de espaço e direção. Fizemos<br />
movimentos simples e repetitivos, treinando estas qualidades, com a Eliete repetindo<br />
constantemente que “é preciso ser consciênte do espaço do outro e saber respeitá-lo”, e<br />
que “é preciso saber para onde vai, não só na dança mas no dia a dia. Tem que ter<br />
direção e pisar firme!” (diário, 25 Maio 2009).<br />
O último desafio ligado à dimensão espacial da dança é saber se adaptar aos lugares<br />
diferentes nos quais se dança, o que é algo complicado, como pude experienciar várias<br />
vezes nas apresentações do nosso grupo CorpAfro. Durante os ensaios do espetáculo,<br />
o grupo encontra-se geralmente em um ou dois lugares específicos, onde ensaiam-se<br />
as coreografias, os desenhos formados pelos corpos e pelos movimentos, as marcações<br />
de lugares, das entradas e saídas do palco etc. No momento do dia da apresentação,<br />
muitas vezes o espaço é totalmente diferente do que se imaginava o do no qual as<br />
coreografias foram ensaiadas. Após ter ensaiados nas grandes salas do Centro<br />
Coreográfico, por exemplo, fomos chamados para fazer uma apresentação em uma<br />
loja de construção onde tivemos que dançar em um pequeno espaço no meio de<br />
banheiras. Em outra ocasião, em vez de nos apresentar no palco do teatro do CCRJ,<br />
como nos foi comunicado, tivemos que dançar na área externa, um espaço bem maior,<br />
onde o som e a luz eram precárias e em vez do que em cima de um piso, dançamos na<br />
grama. Isso requer uma rápida avaliação e estudo do novo espaço disponível, assim<br />
como uma reorganização e adaptação das arrumações espacias previamente ensaiadas<br />
e uma capacidade do corpo se adaptar às novas condições oferecidas.<br />
Eliete reforça constantemente esses elementos técnicos espaço-temporais presentes na<br />
definição de dança. Durante um ensaio no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, em<br />
uma folha ela escreveu a importância da “prática de movimentos e ritmo”, atingida<br />
através de três elementos:<br />
- VISÃO: capacidade de perceber as formas, linhas, e proporção harmoniosas.<br />
- PRECISÃO: velocidade e rapidez na execução do movimento, aumentando o<br />
fortalecimento e o equilibrio.<br />
- TENACIDADE: qualidade do profissional coma estética e musicalidade.<br />
Comentando sobre estes ensinamentos, Eliete falou que “precisa harmonizar os<br />
movimentos com linhas específicas e com sentido, com direção. A musicalidade (ritmo)<br />
está junto com a corporeidade.” (Diário, 11 Abril 2009).<br />
Apareceram aqui mais dois elementos da definição de dança da Hanna:<br />
movimentos executados com precisão e estética. Na dimensão de visão da Eliete, recalca-