Baixar - Proppi - UFF
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povos das atuais regiões da Nigéria e República do Benin, Yvonne Daniel explica como<br />
estas são danças específicas representando as divindades por ela chamadas “orichas” e<br />
seus movimentos, os quais retratam as vidas e os arquétipos de cada divindade (Ibidem).<br />
Ao descrever a dança de cada “oricha”, é impossível não reparar a extrema semelhança<br />
com a dança de Orixás brasileira, derivante da mesma cultura Yoruba. Daniel portanto<br />
descreve elementos visuais e corporais comuns aos quatro grupos de influência africana<br />
em Cuba, que, como veremos adiante, são reconhecíveis na dança Afro do Brasil, como a<br />
posição baixa com joelhos flexionados, os pés firmes no chão e as costas levemente para<br />
a frente, posição essa típica do que é chamado de molejo na dança Afro, considerado o<br />
elemento chave na realização desta dança. Viu-se até agora como as influências da<br />
diáspora africana estão presentes em várias partes do globo, com resguardo à música e à<br />
dança. Concentrarei agora a atenção na influência africana nas danças no Brasil,<br />
introduzindo mais o objeto da pesquisa, que analisa uma destas danças afro-brasileiras<br />
em particular, ou seja a dança Afro.<br />
Existem múltiplos estilos de danças afro-brasileiras, muitas vezes classificadas<br />
como danças populares, ou danças folclóricas. Cada região do Brasil tem suas danças<br />
típicas, e a influência africana está presente em muitas delas. Durante o período colonial,<br />
povos africanos como os Bantu, os Yoruba, os Fon e os Jeje estavam no Brasil, sendo<br />
trazidos como escravos pelos Européus. Em cada região eles carregaram suas histórias e<br />
tradições, que acabaram se expressando no novo continente. As danças brasileiras de<br />
origem africana são inúmeras e contam as história e as realidades das populações<br />
africanas no Brasil. É nas artes que apresentam o corpo como protagonista que a estética<br />
africana mais se manifesta. No livro Diásporas Africanas na América do Sul, Julio Cesar<br />
de Tavares e Januario Garcia escrevem como nas artes a herança africana revelou-se na<br />
vida brasiileira, afirmando o corpo como arma de resistência à colonização e como<br />
suporte dos signos culturais:<br />
“Paladino de toda a experiência simbólica e material na diáspora, o corpo torna-se<br />
maestro de uma orquestra de experiências não-verbais que efetivam a estética da<br />
vida dessa civilização recriada pela força da imaginação.” (Tavares e Garcia,<br />
2008, p. 42).