Baixar - Proppi - UFF
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sua singularidade, onde o gesto é fundamental na produção de linguagem e comunicação<br />
deste corpo com o mundo. O gesto é onde o corpo se realiza, é a estrutura da memória. O<br />
gesto é usado para recuperar a memória, pois nele pensamento e movimento estão juntos.<br />
Cada gesto é um ato significativo, pois fornece muita informação sobre a vida do sujeito.<br />
Não existiria portanto vida sem gestos, pois até a fala é executada por gestos. O corpo é<br />
então um medium, elemento fundamental da comunicação (Merleu-Ponty, 1971).<br />
Fazendo uma comparação com Goffman, cuja teoria foi analisada no capítulo 1 deste<br />
trabalho, podemos dizer que o acontecimento motor conforme é visto por Merleau-Ponty<br />
estabelece os jogos interacionais pelos gestos, e mostra a dimensão corporal e sensorial<br />
das mesmas interações. A comunicação, segundo o autor é, portanto, vista como a<br />
extensão do homem em contato com o outro. Vamos agora explorar mais em detalhe esta<br />
noção da importância do gesto como criador de significado, e o uso deste gesto na<br />
performance da dança Afro.<br />
O gesto na Performance da dança Afro<br />
Continuando a discussão sobre a importância do gesto, uma grande contribuição<br />
vem de George Herbert Mead. Baseando sua teoria na interação social, Mead afirma que<br />
é no gesto que se produzem a experiência e o significado, e, mais especificamente, o<br />
autor considera o que ele define de “conversation of gestures” como a chave da<br />
organização social (Mead, 1967). Essa conversa, portanto, esta comunicação, é o que<br />
gera a interação, movida por uma operação coordenada e cooperativa. O sentido está na<br />
organização da experiência através de gestos e a produção de significado deriva da cooperação<br />
na conversa de gestos (Ibidem). Pode-se observar aqui uma semelhança com a<br />
teoria de Erving Goffman analisada anteriormente, onde as conversas corporais e as<br />
interações entre indivíduos criam significados e organizam as situações sociais. Goffman<br />
relativiza tudo, juntando as técnicas do corpo com a formação do “eu”. A linguagem em<br />
Goffman se realiza no corpo e como um ato performático. A fala não é somente um som,<br />
mas uma perspectiva e uma atitude. Através de atos de fala, de condutas e de linguagem<br />
se produz o “eu”, que é portanto uma construção social. Comparando então Goffman com<br />
Mead no discurso sobre linguagem, segundo este último, toda conversa tem uma ordem e<br />
um jogo gestual que a organiza (Mead, 1967). Por ambos, a cooperação entre os