Baixar - Proppi - UFF
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É no corpo que as experiências dos povos da diáspora africana se reproduzem e se<br />
mantém. No caso do Brasil, essas experiências são reproduzidas e mantidas em um corpo<br />
que expressa-se principalmente nas artes e, mais ainda, nas danças afro-brasileiras.<br />
Acham-se hoje essas manifestações nas diferentes regiões do Brasil e incluem<br />
artes corporais como a capoeira, o jongo, o coco, o maracatu, o tambor de crioula, o<br />
samba, o batuque, o cacuriá, a dança Afro entre outras. Durante minha pesquisa fui<br />
assistir um espetáculo realizado por um projeto do grupo cultural Nós do Morro na<br />
comunidade carioca do Vidigal. O nome do show era “Afro em nós” e quis apresentar<br />
uma série de danças afro-brasileiras. Começaram com a figura do malandro e o samba<br />
carioca, e passou-se através do jongo, do coco, maculelê, cacuriá, capoeira, dança afro e<br />
samba de roda. Cada apresentação de dança foi introduzida por uma breve explicação que<br />
denotava a influência de elementos de matriz africana que aqui no Brasil juntaram-se aos<br />
de origem indígena ou européia. Todas estas danças são de origem africana e<br />
apresentaram vários elementos em comum que pude identificar durante a apresentação,<br />
como grandes movimentos de braços e ombros. batidas de pés e mãos junto com a batida<br />
do tambor, a presença da roda, a parte do quadril sempre em movimento, giros, pés<br />
descalços e pisando forte no chão, e elementos de jogo e brincadeira. O espetáculo<br />
terminou, não por acaso, com o samba de Ary Barroso cuja letra diz “esse aqui ai é um<br />
pouquinho de Brasil, esse Brasil que canta e é feliz… é também um pouco de uma raça,<br />
que não tem medo de fumaça não…”(Diário de campo, 28 Março 2009). Para mostrar<br />
mais em detalhe e com um suporte teórico estas qualidades das danças afro-brasileiras,<br />
trago aqui quatro estudos sobre o Jongo no Sudeste, o Tambor de Crioula do Maranhão,<br />
a Capoeira, e o Samba.<br />
O Jongo é considerado uma das mais importantes manifestações africanas no<br />
Brasil, originária dos escravos da região Congo-Angola, e que, desde novembro de 2005,<br />
foi denominado um dos Patrimônios Culturais do Brasil. Através dos cânticos, do sons<br />
dos surdos, danças em círculo, e das batidas das mãos, o Jongo conta a história dos<br />
escravos das velhas plantações de café. Todos os elementos desta dança e da música e<br />
batida de tambores que a acompanha comunicam uma história de origem africana (Mattos<br />
e Abreu, 2007). O elemento de “chamada e resposta” analisado previamente no texto de<br />
DeFrantz sobre hip-hop, é uma característica fundamental do Jongo, onde cada estrofa