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Baixar - Proppi - UFF

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Trazendo esta discussão para a dança, consigo pensar em várias ocasiões nas<br />

quais este senso do que “parece estar certo” foi o guia inspirador da execução de vários<br />

movimentos e gestuais. Dois exemplos são bastante explicativos deste processo de<br />

compreensão corporal devida ao embodiment de certas disposições; o primeiro mostra<br />

uma resposta corporal a um estímulo auditivo, o outro apresenta uma resposta a um<br />

estímulo visual. Primeiro, durante o alongamento de uma aula no dia 3 de Junho na UERJ<br />

aconteceu algo que reparei ser fruto de um certo hábito e de uma memória corporal:<br />

“Estávamos em uma posição com um joelho dobrado e a outra perna esticada<br />

atrás, com as mãos apoiadas no chão, alongando as coxas, quando a Eliete deu a<br />

ordem: “abram”. Eu imediatamente reagi e me posicionei com as duas pernas<br />

esticadas , tronco lá em baixo e mãos ainda no chão. Mas reparei que algumas das<br />

pessoas que eram novas na aula e não estavam acostumadas com o alongamento<br />

da Eliete, não assumiram logo a nova posição, pois não tinham entendido o<br />

comando.” (3 Junho 2009).<br />

Esta experiência mostra como, respondendo a uma ordem vocal tão<br />

genêrica como “abram”, só me foi possível executar o passo certo pois<br />

eu já tinha no meu corpo um conhecimento prévio do movimento que ia<br />

seguir aquela posição na qual estava.<br />

Durante uma aula de dança em Salvador, meu corpo pensou e<br />

respondeu automâticamente ao movimento da professora:<br />

“Assim que a professora abaixou o tronco, apoiou as mãos no<br />

chão e flexionou os joelhos, entendi imediatamente qual<br />

movimento ia seguir-sabia que ia ser o movimento rápido baseado<br />

no passo de Xangô, com o contratempo dos pés, e jogando um<br />

braço e depois o outro para a frente.”(25 Agosto 2009).<br />

Neste caso um pequeno gesto corporal da instrutora de dança foi<br />

suficiente para meu corpo já reagir e executar o movimento que ela ia<br />

mostrar ainda. Isso mostra como o corpo possui uma memória e uma<br />

inteligência em si, como Lakoff e Johnson afirmam ao mostrar como<br />

“reason is fundamentally embodied” (Lakoff and Johnson, 1999, p. 17).

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