01.06.2014 Views

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

Baixar - Proppi - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

itual espírita na Nova Guiné, onde o autor inclui uma descrição detalhada, seguida por<br />

uma análise, na qual ele ressalta a importância dos atores da performance, tanto dos<br />

envolvidos no ritual quanto da audience (Schieffelin, 1993). Assim como Turner também<br />

teoriza, Schieffelin escreve que o ritual é validado pelo público e que o significado só se<br />

dá durante a interação social. Não existem portanto estruturas fixas: elas são construídas a<br />

cada ritual e as crenças vão se formando dependendo do ritual. Não existe portanto uma<br />

estrutura, uma lógica de significado, pois o sistema de crenças não é fixo e depende do<br />

jogo entre a platéia e os atores em um determinado contexto. O ritual é formado pelo<br />

conjunto de evocações que um evento cria, e são estas evocações que precisam ser<br />

observadas e analisadas (Schieffelin, 1993).<br />

Como exemplificação deste argumento, trarei minha experiência pessoal como<br />

espectadora de rituais de Candomblé da nação de Ketu no Rio de Janeiro. Desde que<br />

comecei a fazer dança Afro, me interessei para conhecer mais sobre os Orixás que a gente<br />

estava dançando, e foi assim que comecei a frequentar festas de terrreiros de candomblé.<br />

Lembro das minhas primeiras vezes assistindo estes rituais quando, mesmo sendo<br />

fascinada e atraída por aquelas cerimônias, não conseguia entender muito do que estava<br />

acontecendo. Na maioria das vezes, eu ia acompanhada por um amigo que é iniciado na<br />

religião, o qual tentava me explicar os inúmeros símbolos que estavam presentes no<br />

ritual, com seus usos e significados. Mesmo assim, lembro que não conseguia entender<br />

plenamente e ter uma exata noção da dinâmica das festas. Com o passar do tempo, fiquei<br />

frequentando mais e mais os terreiros e continuei dançando a dança de Orixás nas aulas<br />

com a Eliete, até que ultimamente, depois de quase dois anos de convivência e<br />

experiência dentro deste contexto, reparei o quanto um ritual de candomblé Ketu diz para<br />

mim. No mês de Junho fui para a inauguração de um Ilê em Nova Iguaçu e me deparei<br />

com a seguinte experiência pessoal:<br />

“Cada pessoa executava o gesto com seu próprio estilo, mas podia-se reconhecer qual gesto era. Como espectador, fui capaz de<br />

reconhecer a maioria dos gestos e saber a qual orixá pertenciam, mesmo reparando a diferença entre a execução do gesto no xirê<br />

do ritual e na dança, onde é muito maior e mais estilizado… Foi interessante ver a simbologia pela qual, como audience, fui capaz<br />

de reconhecer cada Orixá, antes das danças: as cores da roupa, as guias no pescoço, as ferramentas de cada um…”(27 Junho<br />

2009).<br />

Este reconhecimento de gestos e símbolos que cada orixá apresenta<br />

durante o ritual, só foi possível graças a minha vivência e experiência.<br />

Foi somente por causa deste idioma corporal, conforme conceitua

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!