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Baixar - Proppi - UFF

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edonda. A circularidade do espaço, por exemplo, foi muitas vezes usada para trabalhar o<br />

elemento da roda, tão importante na dança Afro, e foi aproveitado para explorar<br />

arrumações e posições coreográficas diferentes das convencionais. A maioria das aulas<br />

no Circo Voador foi com a percussão ao vivo presente, o que levantou a energia em<br />

várias ocasiões. Sendo um espaço aberto, muitas vezes durante o inverno tivemos aula<br />

com tempo frio (relativamente, óbvio, agradecendo ao Rio de Janeiro!) e chuvoso. Ao<br />

chegar nossos corpos estavam com preguiça, endurecidos e cansados. O som do tambor<br />

era como um despertador, que fazia nos soltar e energizar, dançar e aquecer.<br />

As aulas no Circo sempre incluiam um momento para nos sentarmos na roda e<br />

discutir temas sobre a dança Afro, assuntos raciais e socio-políticos, e ler textos e poesias<br />

sobre história e identidade afro-brasileira. Mesmo sendo um espaço aberto, é um<br />

ambiente privado e tranquilo, que permite estes tipos de atividade de reflexão e<br />

discussão. Estes momentos em específico foram a melhor oportunidade para nós, alunos<br />

da aula, nos conhecermos, para trocar idéias e opiniões. O que ajudou na interação entre<br />

nós alunos foi o número pequeno de pessoas e o fato da maioria de nós já sermos amigos<br />

de anos, desde as primeiras aulas da Eliete. Muitas pessoas “novas” fizeram uma ou outra<br />

aula sem dar continuação, mas tiveram umas três pessoas que começaram a dançar no<br />

Circo Voador com a Eliete que continuaram e ficaram o ano inteiro; foram estas poucas<br />

pessoas que aos poucos se integraram mais com o “nosso grupo” de amigos da dança já<br />

existente. Foi muito interessante observar este tipo de interação, onde ficou sempre<br />

evidente a distinção entre os “novos alunos” e os “antigos”, que não somente são alunos<br />

de longa data, mas também fazem parte do grupo CorpAfro, fazendo com que a<br />

intimidade fosse bem maior do que com os outros. Esta situação, comum nas aulas mais<br />

recentes da Eliete, é um exemplo do conceito de team que o sociólogo Erving Goffman<br />

define no seu livro Presentation of Self in Everyday Life. Ele escreve que um time pode<br />

ser criado por indivíduos para ajudar o grupo do qual são membros; porém, eles acabam<br />

formando um tipo de “sociedade secreta” cujos membros são reconhecidos pelos nãomembros<br />

por formar uma sociedade exclusiva, mesmo que esta sociedade não esteja<br />

sendo constituída pelo fato deles atuar como um time (Goffman, 1959, p. 105).<br />

O segundo espaço é o da UERJ, onde a diferença entre os alunos antigos e os<br />

novos está presente também mas em nível menor, pois além de mim e mais um aluno dos

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