Baixar - Proppi - UFF
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iqueza da cultura brasileira. Tentarei portanto explicar, nesta parte final do primeiro<br />
capítulo, como as diferentes modalidades da dança Afro refletem e recriam as várias<br />
histórias e os variados mundos e valores das culturas africanas que mais tiveram<br />
influência no Brasil, a Bantu e a Yoruba.<br />
Modalidades<br />
A dança Afro é muito rica em movimentos e significados e dentro dela podem ser<br />
distinguidas algumas modalidades. A principal distinção que pode ser feita dentro do<br />
Afro é entre as danças lúdicas, ou profanas, e as danças sagradas. As danças lúdicas,<br />
por sua vez, podem ser subdivididas em três grupos principais: as danças tradicionais,<br />
o afro primitivo, e a dança de blocos Afro. A modalidade sagrada dentro do contexto<br />
profano da dança Afro é a dança de Orixás inspirada pelas danças religiosas do<br />
Candomblé. Antes de tentar explicar no que consiste cada uma dessas modalidades, é<br />
importante sublinhar que a divisão sagrado/profano dentro das danças afro-brasileiras<br />
nunca é completamente rígida, pois a dança na cultura dos povos africanos é uma das<br />
maiores manifestações presentes nos rituais. Portanto, mesmo as danças lúdicas<br />
possuem uma estrutura ou elementos ritualísticos e sagrados. Ao mesmo tempo, é<br />
importante lembrar que, nesta pesquisa, estamos falando de um contexto profano, o<br />
da dança Afro. Por isso, quando falarei mais em específico de dança de Orixás, é<br />
preciso saber que a analiso no seu contexto performático e não dentro do contexto<br />
religioso do Candomblé, mesmo se serão feitas comparações entre estes dois mundos.<br />
Começando pelo lado lúdico da dança Afro, vou explicar no que consistem as três<br />
subdivisões que tentei determinar. As danças tradicionais que fazem parte da dança<br />
Afro são algumas das danças afro-brasileiras, especialmente o samba de roda e o<br />
maculelê. Em muitas das aulas de dança Afro das quais participei, tanto as da Eliete,<br />
quanto do Charles Nelson, ou da Tatiana em Salvador, reserva-se uma parte da aula<br />
para se ensinar e praticar o samba de roda, já analisado anteriormente na sessão<br />
falando das danças afro-brasileiras. Durante uma aula dedicada ao samba de roda,<br />
exercitamos o aspecto da circularidade e da ludicidade desta dança, formando a roda,<br />
praticando os passos do samba, para a frente, lado e trás, movimentando os quadris,<br />
praticando o jogo de sedução entre homem e mulher, e dançamos cantando e batendo<br />
palmas ao mesmo tempo (diário, 25 Maio e 1 Junho 2009). A segunda modalidade<br />
pode ser considerada como o Afro-primitivo. Eliete, em entrevista, afirma que o afro<br />
primitivo recria os movimentos que estão ligados à natureza: inclui gestuais<br />
animalescos, de árvores, folhas, terra e gestuais de caça. Os movimentos desta<br />
modalidade são muito fortes, envolvem muitos giros, pulos e saltos, muita definição<br />
das articulações das mãos, e uma expressão facial intensa, forte, concentrada. Em<br />
muitas aulas exercitaram-se movimentos de afro primitivo:<br />
Hoje fizemos movimenntos de AFRO PRIMITIVO: as mãos ficam sempre muito<br />
abertas, os braços dobrados, fortes. As pernas são sempre flexionadas,