Baixar - Proppi - UFF
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jongo e capoeira, apresentações do coco e folia de reis, teve uma apresentação do “Boi de<br />
Miracema”, uma manifestação de bumba meu boi (dança do folclore popular brasileiro)<br />
que incluiu uma coreografia de dança Afro executada por um grupo de meninas. Foi<br />
interessante constatar que, tanto eu quanto duas minhas amigas que também fazem aula<br />
de dança Afro, conseguiram reconhecer imediatamente que aquela coreografia era de<br />
dança Afro, diferente do jongo ou do coco ou da capoeira das outras apresentações. Isso<br />
aconteceu por causa dos movimentos executados e reconhecíveis, como a presença de<br />
muito molejo, amplos movimentos de tronco, mãos espalhadas e braços se<br />
movimentando com força e rapidez, postura do tronco inclinada, pulos e saltos,<br />
movimentação do quadril muito acentuada e alguns gestuais de orixá. (diário de campo,<br />
16 Maio 2009). Uma segunda ocasião na qual fui capaz de distinguir imediatamente os<br />
movimentos Afro da dança, foi durante o espetáculo que a companhia do dançarino<br />
George Momboye, anteriormente citado, fez no teatro João Caetano no Rio de Janeiro.<br />
Esta companhia se define como um grupo de dança que mistura a técnica africana com a<br />
contemporânea européia. Durante o show, foi interessante ver a capacidade que tive em<br />
reconhecer os elementos de dança africana, como, mais uma vez, os joelhos flexionados,<br />
a amplitude de movimentos braçais, a execução de pulos, o molejo, a rapidez dos pés, a<br />
força da percussão (diário de campo, 23 Junho 2009).<br />
Espero ter conseguido explicar da melhor forma possível os elementos gerais que<br />
caracterizam a dança Afro, e espero ter mostrado que são elementos de matriz africana,<br />
que têm origem nas culturas e histórias dos povos da diáspora africana no Brasil e que, ao<br />
incorporar e reproduzir eles, a dança Afro recria e transmite estes símbolos culturais e<br />
histórias. Os movimentos e os elementos da dança Afro portanto não acontecem por<br />
acaso; eles têm todo um simbolismo e um significado, ligados a uma história e uma<br />
memória que está no corpo. Como afirmou Vera Lopes coreógrafa e professora de dança<br />
contemporânea, durante uma conversa com o nosso grupo no Centro Coreográfico, “os<br />
do Afro são movimentos que têm força, que têm identidade” (22 Maio 2009). Esta força<br />
ancestral e esta identidade querem ser resgatadas através da dança Afro, que, usufruindo<br />
do corpo como maior locus de memória e meio de comunicação, como será analisado nos<br />
próximos capítulos, mantém vivos e ensina os mitos, os valores, as histórias e as<br />
filosofias que vieram de povos africanos cuja influência está fortamente presente na