Baixar - Proppi - UFF
Baixar - Proppi - UFF
Baixar - Proppi - UFF
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
linguagens na dança, e analisando a cooperação e os “diálogos” entre os protagonistas<br />
da performance de dança Afro.<br />
Ao falar da pluralidade de linguagens, é fundamental utilizar e entender o<br />
conceito de gêneros de discurso de Mikhail Bakhtin, o qual afirma que cada campo de<br />
uso da linguagem elabora seus tipos característicos de enunciados, chamando estes de<br />
gêneros de discurso. Estes são extremamente heterogêneos, podem ser orais assim como<br />
escritos, e constituem as unidades fundamentais do diálogo (Bakhtin, 2003). Sempre<br />
segundo Bakhtin, o diálogo é o que faz a comunicação possível. O discurso não depende<br />
de enunciados independentes do emissor, mas é o produto de uma interação entre a<br />
emissão e a recepção do enunciado dentro de certo contexto histórico-cultural e sempre<br />
levando em conta as várias influências externas sobre o ato comunicativo (Bakhtin,<br />
2003). É fundamental então entender a comunicação como um sistema interativo onde as<br />
várias partes estão sempre interligadas. Vale a pena explorar mais esta idéia da vida como<br />
sistema de sinergias e cooperação, de harmonia e colaboração, pois, assim como a vida, a<br />
dança pode ser considerada como tal sistema sinergico, harmonico e cooperativo.<br />
Tomando a idéia principal de autopoeisis, elaborada por Humberto Maturana,<br />
pode-se dizer que a vida é um conjunto de sistemas fechados que precisam de<br />
colaboração e de um processo de articulação. Nós, seres humanos, não somos peças<br />
isoladas e a vida, a natureza e a existência são entrelaçadas e precisam de harmonia para<br />
continuar a existir. Maturana afirma que sem cooperação não tem sistema e que o<br />
elemento principal desta harmonia é o amor. O amor é o que fecha o sistema, é o<br />
sentimento que funda o social, pois permite a aceitação do outro como legítimo outro na<br />
convivência. A emoção do amor é então a base de cada ação, cada relação social e da<br />
comunicação cooperativa. A vida, portanto só existe a partir do princípio comunicativo<br />
da cooperação. Assim, é possível ver como a linguagem entra a fazer parte deste todo<br />
harmonioso, pois ela está entrelaçada à emoção e é considerada como uma ação por<br />
Maturana. A linguagem é definida como a “coordenação consensual de condutas de<br />
coordenações”, ou seja como o elemento fundamental da convivência consensual entre<br />
indivíduos e indivíduos e natureza (Maturana, 2002). A linguagem está na base do<br />
conhecimento, o qual leva ao entendimento e consequentemente à comprensão e à<br />
harmonia. O que é fundamental entender no argumento de Maturana é esta idéia de<br />
consenso e sinergia entre as partes da vida, e que esta última só é possível graças à