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Baixar - Proppi - UFF

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que o corpo se expresse sem querer controlá-lo rigidamente e deixando fluir as energias<br />

por ele até essas se manifestarem em forma de novos movimentos.<br />

Este gasto de energia, tanto físico como emocional é algo que pode ser observado<br />

na resultante dor e cansaço depois de uma aula de dança. Após uma aula no Circo Voador<br />

Eliete falou da necessidade de considerar a consciência do corpo, da dor e do cansaço,<br />

mesmo que seja muito difícil de fazer. A dança faz com que se haja essa consideração; “a<br />

dança é como análise-mexe-se em coisas que não se quer mexer” (Eliete, 20 Abril 2009).<br />

É interessante ver como isso se reflete na reação de uma aluna que após uma aula<br />

comentou: “to frustrada, enferrujada…depois de ficar tantos mêses parada, não consigo<br />

acompanhar.” (Circo Voador, 6 Abril 2009). Neste caso o fato de estar “enferrujada”<br />

fisicamente se relaciona diretamente a uma sensação de “frustração” no plano emocional,<br />

mostrando como a dança, através do esforço da movimentação do corpo, atinge um lado<br />

mais “interno” do campo das sensações e emoções. O depoimento de uma aluna depois<br />

de uma aula de dança Afro na UERJ descreve este fator plenamente: “Foi mais do que<br />

desempenho ou trabalho aeróbico; foi sensação, foi transcendência” (16 Setembro 2009).<br />

As palavras desta aluna expressam como o trabalho físico anda junto com a sensação,<br />

junto com algo além do tangível na hora de dançar. Veremos mais nos capítulos adiante<br />

como esta ligação corpo\mente na dança pode ser analisada antropologicamente.<br />

Além dos elementos já analisados do movimento na dança, a estética é algo que<br />

precisa ser evidenciado e explorado mais. Segundo a definição de Hanna, os movimentos<br />

na dança possuem valor estético. A autora escreve que “experiência estética” envolve o<br />

estímulo de atenção imediata e a contemplação dos significados imanentes ou<br />

trascendentes de um fenômeno nos níveis emocional, cognitivo e comportamental<br />

(Hanna, 1987, p. 38). Logicamente, as experiências estéticas não são iguais para todo<br />

mundo e variam dependendo de vários fatores, como idade, humor, background artístico<br />

ou de dança, educação social etc. A dança possui qualidades que estimulam a experiência<br />

estética. Essas qualidades podem ser tanto o estilo e a forma da dança quanto o próprio<br />

conteudo e significados transmitidos. Falando de significados, precisa apontar que estes<br />

variam socialmente e culturalmente e a dança possui portanto significados e sequências<br />

determinados culturalmente. A dança é um fenômeno social e é um veículo através do<br />

qual a cultura é transmitida (Hanna, 1987), e, como argumentarei nesta dissertação,

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