08.07.2015 Views

leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

crian<strong>do</strong> a bossa nova, mais pedra<strong>da</strong>s: o novo estilo seria resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>”alienação <strong>da</strong>s elites <strong>brasil</strong>eiras”, escreveu o crítico José Ramos Tinhorão.Não é só o samba que sofre com esse patrulhamento. Uma crítica pareci<strong>da</strong>atingiu o movimento mangue beat, cria<strong>do</strong> pelo pernambucano ChicoScience. O escritor Ariano Suassuna, enfa<strong>do</strong>nho defensor <strong>da</strong> pureza culturalpernambucana, criticava (ain<strong>da</strong> na déca<strong>da</strong> de 1990) o cria<strong>do</strong>r <strong>do</strong> manguebeat por misturar a cultura <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> com coisas de fora. Como propuseramos integralistas déca<strong>da</strong>s antes, Suassuna gostava apenas <strong>do</strong> que era folclórico- a parte ”Chico”. ”Com sua parte Science eu não quero negócio não”, diziaao músico. Os próprios sambistas parecem obceca<strong>do</strong>s em deixar o estilonuma jaula de vidro que to<strong>do</strong>s devem apreciar. ”Não deixe o samba morrer,não deixe o samba acabar”, afirma uma composição. ”Tá legal, eu aceito oargumento, mas não altere o samba tanto assim”, diz Paulinho <strong>da</strong> Viola.Com tanta preocupação em cultuar o exótico, alguma escola desamba poderia homenagear o Blanka, personagem <strong>brasil</strong>eiro no videogameStreet Fighter <strong>do</strong>is. Nesse clássico <strong>do</strong>s fliperamas <strong>do</strong>s anos 1990, o joga<strong>do</strong>rpode escolher seu luta<strong>do</strong>r entre vários, ca<strong>da</strong> um representante de umanação. O japonês Ryu é o galã: especialista em artes marciais, luta com umquimono rasga<strong>do</strong> nos braços, deixan<strong>do</strong> os bíceps à mostra. Ken,representante americano, também é uma pessoa normal. Nenhum joga<strong>do</strong>r étão fiel à pátria quanto Blanka. O <strong>brasil</strong>eiro é um monstro corcun<strong>da</strong> com ocorpo verde e o cabelo laranja, que dá choques elétricos como um peixeamazônico, chupa o cérebro <strong>do</strong>s adversários e parece mentalmente menoscapaz. De tão exótico, feio e colori<strong>do</strong>, parece ter saí<strong>do</strong> direto <strong>da</strong> Sapucaí.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!