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leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

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Os generais <strong>da</strong> Bolívia preparavam uma revanche avassala<strong>do</strong>ra, quepoderia criar um novo conflito equivalente ao <strong>da</strong> Guerra <strong>do</strong> Paraguai,quan<strong>do</strong> o governo <strong>brasil</strong>eiro percebeu que não tinha mais como ignorar oAcre. O barão <strong>do</strong> Rio Branco, então ministro <strong>da</strong>s Relações Exteriores, foi àBolívia para acalmar os vizinhos. No fim de 1903, em Petrópolis, os <strong>do</strong>ispaíses fecharam um acor<strong>do</strong>. O Brasil se comprometeu a pagar 2 milhões delibras esterlinas pelo Acre, ceder à vizinha um pe<strong>da</strong>ço <strong>do</strong> Mato Grosso eain<strong>da</strong> construir uma ferrovia para que os bolivianos tivessem acesso ao rioAmazonas e, assim, ao oceano Atlântico. Tratava-se <strong>da</strong> ferrovia Madeira-Mamoré, que envolveu 22 mil operários - 2 mil deles morreram naconstrução. O dinheiro <strong>da</strong> obra, vin<strong>do</strong> de bancos europeus, foi gasto emvão. Enquanto os acreanos travavam batalhas patrióticas, seringais maisdensos cresciam na Ásia. Eram fruto de 70 mil sementes que o inglêsHenry Wickham tinha leva<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil em 1876. No Sri Lanka, as árvoresforam planta<strong>da</strong>s uma <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>da</strong> outra, crian<strong>do</strong> um sistema muito maisinteligente que o <strong>do</strong> extrativismo de árvores distantes <strong>da</strong> Amazônia. O novofornece<strong>do</strong>r logo conquistou o mun<strong>do</strong>. A ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> borracha asiática passoude 45 tonela<strong>da</strong>s em 1900 para 107 mil em 1915. Já o Acre, produtor deuma borracha mais cara, nunca mais <strong>da</strong>ria dinheiro. Como os primeirospresidentes <strong>do</strong> Brasil devem ter previsto, adquirir aquele território foi umtremen<strong>do</strong> mau negócio.Existem muitos lugares irrelevantes pelo mun<strong>do</strong> como Porto Rico,a Bélgica, o Paraná -, o que não chega a ser um problema. A questão mu<strong>da</strong>quan<strong>do</strong> esse lugar cria despesas para os outros. O dinheiro gasto em nome<strong>do</strong> Acre não foi tanto o pagamento para adquiri-lo em 1903, mas o que veiodepois. Até hoje, mais de um século após a região passar a fazer parte <strong>do</strong>Brasil, o esta<strong>do</strong> continua custan<strong>do</strong> milhões por ano. Em 2007, o Acre, que

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