08.07.2015 Views

leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ganha o bom gosto, que não terá de ver à ilharga de boas composições estaque é um feixe de incongruências, e na<strong>da</strong> mais.No artigo ”Macha<strong>do</strong> de Assis, leitor e crítico de teatro”, o professorJoão Roberto Faria, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo, detalha as regras queMacha<strong>do</strong> de Assis tinha que seguir em seu trabalho de censor. Oconservatório pedia aos censores que barrassem as peças basea<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>ismotivos. Primeiro, se a história tivesse assuntos e expressões que ferissem odecoro, pois era preciso garantir que ”pudesse a Imperial Família honrarcom a Sua Presença o espetáculo”, como regia uma norma <strong>do</strong> conservatório.Segun<strong>do</strong>, deveria barrar as peças contrárias à religião e às autori<strong>da</strong>des<strong>brasil</strong>eiras. Para Macha<strong>do</strong>, isso era pouco. Numa crônica de 1860, eledefende que os censores deveriam ter o poder de ser ”uma muralha deinteligências às irrupções intempestivas que o capricho quisesse fazer nomun<strong>do</strong> <strong>da</strong> arte, às bacanais indecentes e parvas que ofendessem a digni<strong>da</strong>de<strong>do</strong> tabla<strong>do</strong>”.Como não tinha esse direito, o escritor foi obriga<strong>do</strong> a aprovar váriaspeças em que não viu mérito literário algum. Claro que não fez isso semesbravejar contra os autores. O estilo de alguns de seus pareceres mostraque, se pudesse, Macha<strong>do</strong> censuraria mais.O melhor exemplo é a avaliação de Clermont ou A Mulher <strong>do</strong>Artista. O escritor teve que <strong>da</strong>r ok à história, que não pecava ”contra ospreceitos <strong>da</strong> lei”, apesar de considerá-la ”uma dessas banali<strong>da</strong>des literáriasque constituem por aí o repertório quase exclusivo <strong>do</strong>s nossos teatros”.A censura que Macha<strong>do</strong> de Assis gostaria de praticar era ain<strong>da</strong> maiscruel <strong>do</strong> que aquela que lhe era permiti<strong>da</strong>, já que submeteria autores aosjulgamentos particulares <strong>do</strong> censor. (Se bem que, com tanta peça ruim nos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!