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leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

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tempo como escravo. Se os <strong>brasil</strong>eiros o encaravam como um cativoqualquer, os africanos viam nele um príncipe. ”Juntan<strong>do</strong> os seus tostões, ospatrícios de Fruku não devem, portanto, ter demora<strong>do</strong> emcomprar-lhe a liber<strong>da</strong>de”, escreveu o historia<strong>do</strong>r Alberto <strong>da</strong> Costa e Silva,um <strong>do</strong>s grandes especialistas em história <strong>do</strong> tráfico atlântico. ”Liberto,Jerônimo deixou-se ficar em Salva<strong>do</strong>r, já que não podia, sob pena de serreescraviza<strong>do</strong>, retornar ao Daomé.” Vinte e quatro anos depois, com amorte <strong>do</strong> inimigo que o man<strong>do</strong>u ao Brasil, Fruku voltou à África paradisputar o trono <strong>do</strong> Daomé, desta vez com o nome de ”Dom Jerônimo, o<strong>brasil</strong>eiro”.Os nobres africanos dependiam <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> de escravos para manterseu poder. Venden<strong>do</strong> gente, eles obtinham armas. Garantiam assim aexpansão <strong>do</strong> território e o <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong>s terras já conquista<strong>da</strong>s. Sem a trocade escravos por armas, tinham a soberania <strong>do</strong> território e a própria cabeçaameaça<strong>da</strong>s. Como observa Alberto <strong>da</strong> Costa e Silva:Para as estruturas de poder africanas, a ven<strong>da</strong> de escravos eraessencial à obtenção de armas de fogo, de munição e de uma vasta gama deobjetos que <strong>da</strong>vam status e prestígio aos seus possui<strong>do</strong>res. O sistema detroca de seres humanos (geralmente prisioneiros de guerra e presos comunsou políticos) por armas de fogo e outros bens consoli<strong>da</strong>ra-se ao longo <strong>do</strong>sséculos, desde o primeiro contato com os europeus na África, e não podiaser facilmente substituí<strong>do</strong> pelo comércio normal. Há quem pense que ointeresse de alguns africanos na manutenção <strong>do</strong> tráfico era ain<strong>da</strong> maior <strong>do</strong>que o <strong>do</strong>s arma<strong>do</strong>res de barcos negreiros ou o <strong>do</strong>s senhores de engenhos ede plantações no continente Americano.Para essa espiral romper o ciclo, foi preciso entrar em cena umelemento externo e poderoso: a Inglaterra. O ideal de liber<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s negros,

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