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leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

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Movimentos revolucionários costumam colocar seu ideal políticoacima <strong>do</strong>s valores individuais e <strong>da</strong>s regras tradicionais <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Cria-se assimuma superiori<strong>da</strong>de moral que lembra a <strong>do</strong>s cristãos nas cruza<strong>da</strong>s — umpensamento <strong>do</strong> tipo ”eu luto por um mun<strong>do</strong> justo, uma socie<strong>da</strong>de semcontradições, portanto posso matar e roubar em nome desse ideal sagra<strong>do</strong>”.Assim como cristãos fanáticos queimavam hereges na I<strong>da</strong>de Média, osguerrilheiros justificavam, com sua moral superior, expurgos, assaltos eassassinatos sem julgamento de seus próprios colegas. Nas pequenasorganizações de conspira<strong>do</strong>res e guerrilheiros <strong>do</strong>s anos 1960 e 1970, é fácilperceber o controle extremo <strong>da</strong> conduta individual, a violência basea<strong>da</strong> nasuperiori<strong>da</strong>de moral e a obsessão com a traição — a mesma que fez Stálinexecutar companheiros próximos. Seus integrantes praticaram crimes bempareci<strong>do</strong>s com o assassina<strong>do</strong> de Elza, morta a man<strong>do</strong> de Prestes. Em 1973,por exemplo, o professor Francisco Jacques Moreira de Alvarenga,integrante <strong>da</strong> Ação Liberta<strong>do</strong>ra Nacional <strong>do</strong> Rio de Janeiro, foi assassina<strong>do</strong>numa sala de aula <strong>do</strong> Colégio Veiga de Almei<strong>da</strong>. O rapaz foi morto porseus próprios colegas de organização, enquanto montava uma prova para osvestibulan<strong>do</strong>s <strong>do</strong> colégio. Havia sobre ele a acusação de ter delata<strong>do</strong>, sobtortura, membros <strong>da</strong> ALN.O caso mais significativo deve ser o de Márcio Leite de Tole<strong>do</strong>, de26 anos. Conheci<strong>do</strong> como Professor Par<strong>da</strong>l, ele foi assassina<strong>do</strong> no dia 23 demarço de 1971. O rapaz havia acaba<strong>do</strong> de voltar de Cuba, onde tinharecebi<strong>do</strong> treinamento de guerrilha. De volta ao Brasil, logo se tornou um<strong>do</strong>s coordena<strong>do</strong>res <strong>da</strong> ALN em São Paulo. Maior <strong>da</strong>s organizaçõesterroristas que lutaram contra a ditadura, a ALN teve quase trezentosmembros em 1968, adquirin<strong>do</strong> uma imagem mítica. Assaltos e sequestroseram inadverti<strong>da</strong>mente atribuí<strong>do</strong>s a ela, como aconteceu recentemente com

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