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leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

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Na hora de defender a importância de Aleijadinho, os modernistastiveram que <strong>da</strong>r um troco às críticas <strong>do</strong> padre Engrácia e <strong>do</strong>s viajantes.Montaram um dispositivo retórico para justificar o fato de as obras deAleijadinho não serem aquela coca<strong>da</strong> to<strong>da</strong>. Não foi propriamente aavaliação que mu<strong>do</strong>u - eles continuaram achan<strong>do</strong> as esculturas resulta<strong>do</strong> de”irregulari<strong>da</strong>de vagamun<strong>da</strong>”, ”diletante mesmo”, como afirmou Mário deAndrade. O que mu<strong>do</strong>u foram os motivos: Aleijadinho não teria cria<strong>do</strong>obras estranhas porque não sabia fazer melhor, e sim porque queria. Deixoude ser um trabalha<strong>do</strong>r interessa<strong>do</strong> apenas em conseguir esculpir direito parase tornar um artista consciente e completo.Mário de Andrade, principalmente ele, viu nas estátuas narigu<strong>da</strong>s aexpressão <strong>da</strong> suposta personali<strong>da</strong>de atormenta<strong>da</strong> <strong>do</strong> suposto artista aleija<strong>do</strong>.Se as obras pareciam grosseiras diante <strong>da</strong> tradição, é porque o escultor semmãos queria romper com os padrões antigos de beleza e ser original,aproximan<strong>do</strong>-se <strong>da</strong> arte gótica. A deformi<strong>da</strong>de imaginária virou um pontoessencial <strong>da</strong> crítica <strong>do</strong>s modernistas. Doente e deforma<strong>do</strong>, o escultor teriaexpressa<strong>do</strong> sua ver<strong>da</strong>de interior como obra de arte. ”Raro realista, ele foi umdeforma<strong>do</strong>r sistemático. Mas a sua deformação é de uma riqueza, dumaliber<strong>da</strong>de de invenção absolutamente extraordinárias”, afirmou o escritorpaulista.Mário dividiu a obra de Aleijadinho em duas fases, antes e depois<strong>da</strong> tal <strong>do</strong>ença. Na fase sã, o artista seria mais equilibra<strong>do</strong> e claro, o que seexpressaria em suas obras de São João Del Rei (apesar de ninguém tercerteza de que Antônio Francisco Lisboa tenha i<strong>do</strong> a essa ci<strong>da</strong>de); e, na fase<strong>do</strong>ente, ”surge um sentimento mais gótico e expressionista” que não seriauma cópia simples <strong>da</strong> arte europeia. ”Antônio Francisco Lisboa tratou obarroco, renovan<strong>do</strong>-o com um espírito ver<strong>da</strong>deiramente genial”, afirmou o

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