08.07.2015 Views

leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A man<strong>do</strong> de seus <strong>do</strong>nos, as escravas costumavam vender <strong>do</strong>ces erefeições nas lavras de ouro para os garimpeiros famintos. Quan<strong>do</strong>ultrapassavam a ven<strong>da</strong> que o senhor esperava, faziam uma caixinha para sipróprias. Com alguns anos de economia, conse<strong>guia</strong>m juntar o suficientepara comprar a carta de alforria, tornan<strong>do</strong>-se “forras”. Também aconteciade ganharem a liber<strong>da</strong>de por herança, quan<strong>do</strong> o <strong>do</strong>no morria ou voltavapara Portugal. Nessas ocasiões, eram ain<strong>da</strong> agracia<strong>da</strong>s com alguns bens <strong>do</strong>senhor faleci<strong>do</strong>. Em 1731, a ex-escrava Lauriana ganhou <strong>do</strong> testamento <strong>do</strong>seu antigo <strong>do</strong>no o sítio onde moravam. A mesma coisa fez o portuguêsAntônio Ribeiro Vaz morto em 1760 na ci<strong>da</strong>de de Sabará. Libertou seussete escravos e legou a eles a casa e to<strong>do</strong>s os bens que possuía.Em liber<strong>da</strong>de, essas Chincas <strong>da</strong> Silva tinham muito mais tempo eferramentas para ganhar dinheiro. Contan<strong>do</strong> com escravos como mão deobra barata, algumas fizeram fortuna. A angola Isabel Pinheira morreu em1741 deixan<strong>do</strong> sete escravos no testamento, que deveriam ser to<strong>do</strong>salforria<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> ele morresse. Na déca<strong>da</strong> de 1760, a baiana Bárbara deOliveira tinha vários imóveis, jóias, roupas de se<strong>da</strong> e na<strong>da</strong> menos que 22escravos. Era uma fortuna para a época. Apesar de serem livres e ricas, asnegras forras não viraram senhoras <strong>da</strong> elite: continuaram carregan<strong>do</strong> oestigma <strong>da</strong> cor. Havia uma compensação. Elas desfrutavam de umaautonomia muito maior que as mulheres brancas. Enquanto as “<strong>do</strong>nas”ficavam em casa debaixo <strong>da</strong>s decisões <strong>do</strong> mari<strong>do</strong> e cui<strong>da</strong>n<strong>do</strong> de suareputação, as negras circulavam na rua, nas lavras e pelas casas, conversan<strong>do</strong>com quem quisessem e tocan<strong>do</strong> a vi<strong>da</strong> independentemente de mari<strong>do</strong>s.No livro Escravos e Libertos nas Minas Gerais <strong>do</strong> Século dezoito, ohistoria<strong>do</strong>r Eduar<strong>do</strong> França Paiva mostra mais um caso interessante: o <strong>da</strong>negra Bárbara Gomes de Abreu e Lima. Dona de um casarão em frente à

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!