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leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

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nasceu já no século 19, logo depois de Karl Marx espalhar suas ideias nospubs londrinos. O raciocínio é o seguinte: a partir <strong>do</strong> século 16, a revoluçãocientífica derrubou a ideia de um mun<strong>do</strong> justo, em ordem, acaba<strong>do</strong> e sobharmonia divina. Das descobertas de Galileu a Darwin, nasceu a imagem<strong>do</strong> universo como um lugar caótico, sem finali<strong>da</strong>de e frequentementedesequilibra<strong>do</strong> por terremotos, erupções, extinções em massa. A ideia deharmonia divina, de céu e de paraíso foi aos poucos ruin<strong>do</strong>. Apesar disso, aspessoas continuaram negan<strong>do</strong> a vi<strong>da</strong> real em nome de mun<strong>do</strong>s de perfeitaharmonia — desta vez, mun<strong>do</strong>s que seriam cria<strong>do</strong>s pelo próprio homem.Assim como o cristianismo, o socialismo se baseava em paisagens idílicas.Se os cristãos lutavam para ir para o céu, os comunistas buscavam trazer océu à Terra. Lutavam pela socie<strong>da</strong>de revolucionária, um lugar tão perfeito eirreal quanto o paraíso. Como as grandes religiões, o comunismo tinhavisões <strong>do</strong> Paraíso, como mostra o programa <strong>da</strong> Ação Popular. Tambémtinha culpa<strong>do</strong>s pelo peca<strong>do</strong> original. ”Se atribuímos nosso esta<strong>do</strong> ruim aoutros ou a nós mesmos — a primeira coisa faz o socialista, a segun<strong>da</strong>, ocristão, por exemplo — é algo que não faz diferença”, escreveu FriedrichNietzsche em O Crepúsculo <strong>do</strong>s í<strong>do</strong>los, de 1888.Mesmo na história <strong>do</strong> Brasil, em que o comunismo não passou deum plano, é fácil compará-lo a uma religião. As organizações deixaram àmostra o fato de serem muito pareci<strong>da</strong>s com religiões ou seitas radicais.Diversas tinham rituais de iniciação, como batismos, basea<strong>do</strong>s na i<strong>do</strong>latriafanática a personagens míticos. A cartilha <strong>do</strong>s Grupos de Onze, aqueles queLeonel Brizola propagandeava na rádio, propunha um ritual de iniciaçãoem que os participantes deveriam ”proceder à leitura solene, com to<strong>do</strong>s osonze companheiros de pé, <strong>do</strong> texto <strong>da</strong> ata e <strong>da</strong> carta-testamento <strong>do</strong>presidente Getúlio Vargas”. Depois <strong>da</strong> leitura <strong>da</strong> carta, os novos membros

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