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leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

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na ci<strong>da</strong>de de Ajudá, Francisco Antônio <strong>da</strong> Fonseca e Aragão, ”o qualesquece completamente as obrigações <strong>do</strong> seu cargo, preocupan<strong>do</strong>-sesomente em aumentar suas próprias finanças”. Na carta de 20 de março de1795, o rei ain<strong>da</strong> pede que o diretor de forte seja castiga<strong>do</strong> ”de maneiraexemplar, como é costume fazer em semelhantes situações”. Quemrespondeu a carta foi o príncipe <strong>do</strong>m João, futuro <strong>do</strong>m João Sexto, que anosdepois fugiria com to<strong>da</strong> a corte para o Brasil. Dom João respondeu pontopor ponto. Aceitou demitir o diretor <strong>do</strong> forte e pediu desculpas por nãoenviar uma galé carrega<strong>da</strong> com ouro e prata, como o rei africano tinhapedi<strong>do</strong>:Farei o necessário para vos <strong>da</strong>r satisfação quan<strong>do</strong> a coisa forpossível, tão logo as circunstâncias me permitirão, porque presentementeme é impossível fazê-lo, não somente por falta de tempo, mas por outrasrazões sobre as quais é supérfluoinformar-vos, desejan<strong>do</strong> em tu<strong>do</strong> agra<strong>da</strong>r-vos como importa à minhafiel amizade.Para se comunicar com os portugueses, o rei <strong>do</strong> Daomé usavaalgum escravo português que tinha entre seu séquito. Eram geralmentemarujos que acabavam captura<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> o Daomé atacava os vizinhos. SePortugal não se interessava em pagar resgate para libertá-los, elescontinuavam servin<strong>do</strong> ao rei africano. Trabalhan<strong>do</strong> de intérpretes eescrivães, esses escravos brancos aproveitavam, nas cartas que escreviam aman<strong>do</strong> <strong>do</strong> líder negro, para incluir mensagens secretas de socorro. Comoninguém além deles falava português, não corriam o risco de ter amensagem flagra<strong>da</strong>. Numa carta <strong>do</strong> rei A<strong>da</strong>n<strong>do</strong>zan de 1804, o escrivão”branco” Inocêncio Marques de Santana incluiu um pequeno reca<strong>do</strong>, umaespécie de ”me tira <strong>da</strong>qui pelo amor de Deus” a <strong>do</strong>m João: ”Eu, escrivão

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