leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil
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teriam que escrever seu nome abaixo <strong>da</strong> assinatura <strong>do</strong> presidente suici<strong>da</strong>.Comprometiam-se a <strong>da</strong>r vi<strong>da</strong> pelo país assim como fez Getúlio Vargas.Radicais religiosos geralmente se metem em martírios que parecemloucura para quem vê de fora. Às vezes se tornam missionários entorpeci<strong>do</strong>sde esperança e vão evangelizar sozinhos no meio <strong>da</strong> selva. Os guerrilheiroscomunistas fizeram exatamente isso na serra <strong>do</strong> Caparaó, entre o EspíritoSanto e Minas Gerais, no vale <strong>do</strong> Ribeira, no sul de São Paulo, e sobretu<strong>do</strong>no Araguaia, entre o sul <strong>do</strong> Pará e o norte de Tocantins. Esse tipo de açãoera fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> no foquismo, a ideia de que pequenos focos deresistência no campo desestabilizariam o governo central. Em 1967, ofrancês Régis Debray defendeu a força desse tipo de ação com a obraRevolução na Revolução, um livro pequeno que avivou os sonhos <strong>do</strong>sguerrilheiros. O foquismo deu certo em Cuba, atrapalhava os americanosno Vietnã e tinha em Che Guevara um grande incentiva<strong>do</strong>r. Aos jovens<strong>brasil</strong>eiros, na<strong>da</strong> poderia ser tão sedutor. O sonho de lutar no meio <strong>do</strong> matoaliava a ideia de martírio com o romantismo <strong>da</strong> guerra. Aos poucos, o povoentenderia os motivos sagra<strong>do</strong>s <strong>da</strong> luta e engrossaria as frentes de batalha.Na<strong>da</strong> poderia ser tão fora <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. Os guerrilheiros chegavam derepente nas pequenas ci<strong>da</strong>des sem ter com quem lutar, passan<strong>do</strong> o dia to<strong>do</strong>em treinamentos suspeitos. Quan<strong>do</strong> os mora<strong>do</strong>res deparavam com jovensque falavam coisas estranhas e <strong>da</strong>vam tiros para cima no meio <strong>da</strong> selva, iamcorren<strong>do</strong> avisar a polícia. No Araguaia e no vale <strong>do</strong> Ribeira, os mora<strong>do</strong>resdenunciaram até mesmo os guerrilheiros com quem tinham feito amizade.Em 1972, os integrantes <strong>da</strong> guerrilha <strong>do</strong> Araguaia enfim tinham em quematirar: os militares decidiram persegui-los. O conflito acabou com 19sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s e 67 guerrilheiros mortos.