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leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

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autori<strong>da</strong>des <strong>brasil</strong>eiras. Em Belém, Paravicini conseguiu crédito <strong>da</strong> CasaSuarez e Cia, com o qual comprou materiais de construção e contratoupedreiros, ferreiros e carpinteiros. Em Manaus, o representante bolivianofoi recebi<strong>do</strong> com um brinde de champanhe pelo governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Amazonas,Ramalho Júnior.No começo <strong>da</strong> noite de 30 de dezembro, depois de <strong>do</strong>is meses deviagem, a comitiva boliviana enfim chegou às terras <strong>do</strong> Acre. Até então, osseringueiros <strong>da</strong>quela região não tinham si<strong>do</strong> informa<strong>do</strong>s de que nãomoravam mais no Brasil. A chega<strong>da</strong> <strong>do</strong>s estrangeiros causou uma surpresaque o escritor Leandro Tocantins, autor <strong>da</strong> principal obra sobre a história<strong>do</strong> Acre, reconstituiu com tons dramáticos:De repente, destacou-se no silêncio <strong>da</strong> noite o apito prolonga<strong>do</strong> deum navio. To<strong>do</strong>s dirigiram-se, pressurosos, para o barranco, atraí<strong>do</strong>s pelaboa nova <strong>do</strong> gaiola que traria um pouco de vi<strong>da</strong> ao solitário povoa<strong>do</strong>.Jornais de Belém e Manaus, cartas de parentes e amigos, notícias <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>, uma pequena amostra de civilização que vinha naquele vapor,certamente abarrota<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong>rias, para receber, em troca, as ”pelas”negras, acontecimento comum naquela época de rios cheios.Distinguiram aproximar-se nas sombras <strong>da</strong> noite o navioilumina<strong>do</strong>, vibran<strong>do</strong> as máquinas para vencer a forte correnteza <strong>do</strong> Purus,na manobra de atracação. A bor<strong>do</strong>, uma algazarra invulgar, palavras soltasde um idioma que não era o português.Havia entre os seringueiros um oficial <strong>do</strong> governo <strong>brasil</strong>eirochama<strong>do</strong> José Carvalho. O homem não pôde deixar de ficar ator<strong>do</strong>a<strong>do</strong> comos forasteiros bolivianos. Escreveu ele anos depois:A noite to<strong>da</strong> passamos numa inquietação indizível de espírito,perdi<strong>do</strong>s num laboratório de cogitações. Para mim — confesso francamente

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