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leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil

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eventos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> em sua visão de mun<strong>do</strong>. Isso mu<strong>do</strong>u. Uma novahistoriografia ganha força no Brasil. Se no começo <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990 ojornalista Paulo Francis falava de ”rinocerontes à la Ionesco que passam porhistoria<strong>do</strong>res em nosso país”, na última déca<strong>da</strong> apareceram acadêmicosalertas de que não são políticos a escrever manifestos. Eles tentam elaborarconclusões científicas basea<strong>da</strong>s em arquivos inexplora<strong>do</strong>s de cartórios,igrejas ou tribunais, têm mais cui<strong>da</strong><strong>do</strong> ao falar de conseqüências de umalógica financeira e pesquisam sem se importar tanto com o uso ideológicode suas conclusões. As interpretações que tiram <strong>do</strong> armário são maiscomplexas e, numa boa parte <strong>da</strong>s vezes, saborosamente desagradáveis paraos que a<strong>do</strong>tam o papel de vítimas ou bons mocinhos.A história fica assim muito mais interessante. No século 18, quemquisesse ir de Parati, no Rio de Janeiro, à atual Ouro Preto, em MinasGerais, tinha que cavalgar por <strong>do</strong>is meses — no caminho, passava porcasebres miseráveis onde moravam tanto escravos quanto seus senhores, quetrabalhavam juntos e comiam, sem talheres, na mesma mesa. Sabe-se hojeque, nas vilas <strong>do</strong> ouro de Minas, havia ex-escravas riquíssimas, <strong>do</strong>nas decasas, jóias, porcelanas, escravos, e bem relaciona<strong>da</strong>s com outrosempresários. Os primeiros sambistas, considera<strong>do</strong>s hoje pioneiros <strong>da</strong> culturapopular, tinham formação em música clássica, plagiavam cançõesestrangeiras e largaram o samba para montar ban<strong>da</strong>s de jazz. Uma <strong>da</strong>sconseqüências <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> <strong>do</strong>s jesuítas a São Paulo foi <strong>da</strong>r um alívio à mataatlântica — até então, os índios botavam fogo na floresta não só para abrirespaço de cultivo, mas para cercar os animais com o fogo e depois abatê-los.O problema é que essa nova história demora a chegar às pessoas emgeral. Os livros didáticos continuam dizen<strong>do</strong> que o ver<strong>da</strong>deiro nome deZumbi era Francisco e que ele teve educação católica - uma ficção cria<strong>da</strong>

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