leandro-narloch-guia-politicamente-incorreto-da-histc3b3ria-do-brasil
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econheciam como um povo alegre e cordial - e o mun<strong>do</strong> também nãoassociava essa característica ao Brasil. A falta de identi<strong>da</strong>de era considera<strong>da</strong>um problema desde os tempos <strong>do</strong> Império e se agravou com a República.Quan<strong>do</strong> os militares derrubaram a monarquia, em 1889, acabaram comuma <strong>da</strong>s poucas coisas em comum entre os <strong>brasil</strong>eiros - o fato de seremsúditos de <strong>do</strong>m Pedro Segun<strong>do</strong>. O Brasil, sem a coroa, tinha fica<strong>do</strong> semcara.Os <strong>brasil</strong>eiros também tinham vergonha de si próprios. Nos anos oitocentose no começo <strong>do</strong> século 20, estavam em voga teorias raciais europeias.Acreditava-se que etnias tinham características permanentes, que nãomu<strong>da</strong>vam com a educação ou a cultura de ca<strong>da</strong> região. Um <strong>do</strong>s principaisteóricos racistas foi o conde francês Arthur de Gobineau, para quem amistura racial era grande causa <strong>da</strong> decadência de civilizações e <strong>da</strong>degeneração <strong>do</strong>s povos. Adivinhe o que Gobineau pensava sobre o Brasil.”Os <strong>brasil</strong>eiros só têm em particular uma excessiva depravação. São to<strong>do</strong>smulatos, a ralé <strong>do</strong> gênero humano, com costumes condizentes”, escreveu oconde francês em 1853. Esse pensamento era comum. Depois de visitar opaís, o zoólogo suíço Louis Agassiz escreveu em 1868: ”Que qualquer umque duvide <strong>do</strong>s males <strong>da</strong> mistura de raças [...] que venha ao Brasil, pois nãopoderá negar a deterioração decorrente <strong>da</strong> amálgama <strong>da</strong>s raças mais geralaqui <strong>do</strong> que em qualquer outro país <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>”. Quan<strong>do</strong> conheceram essasideias, os intelectuais <strong>brasil</strong>eiros olharam para o Brasil e acharam terentendi<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>: a culpa pelos problemas nacionais era <strong>da</strong> mistura de raças.O sociólogo Nina Rodrigues dedicou em 1899 um livro to<strong>do</strong>, chama<strong>do</strong>Mestiçagem, Degenerescência e Crime, para defender a teoria de quenegros e mestiços eram mais <strong>da</strong><strong>do</strong>s a an<strong>da</strong>r fora <strong>da</strong> lei.