36 Geraldina Porto WitterComo lembra Pereira (1999), há condições para recorrera aspectos característicos pré-existentes na culturanacional, na comunidade <strong>ou</strong> mesmo na clas<strong>se</strong> <strong>ou</strong>grupo a que a empresa está vinculada. Segundo o referidoautor, podem <strong>se</strong>r considerados aspectos como os a<strong>se</strong>guir enfocados, feita a adaptação para o meio <strong>escolar</strong>pela autora do pre<strong>se</strong>nte artigo.Identidade Pessoal e Profissional dos docentes ecomo elas <strong>se</strong> relacionam em geral com a organização <strong>escolar</strong>e, em particular, com a escola em que atua. Isso pedeque o diretor conheça o docente com que trabalha de formatécnica-científica. <strong>Para</strong> tanto, precisa contar com oapoio de um <strong>Psic</strong>ólogo Escolar competente que também oas<strong>se</strong>ssore no planejamento do clima organizacionalotimizando o uso das características pessoais.Autonomia Pessoal é necessária, deve <strong>se</strong>r estimuladae oferecidas oportunidades para que os docentesatuem com autonomia, responsabilidade, criatividade ecriticidade, porém, de acordo com o projeto pedagógicoda escola em cuja elaboração devem ter participado.No sistema <strong>educ</strong>acional brasileiro muitas são as barreirasformais e informais encontradas neste aspecto. Atémesmo os gestores usufruem de p<strong>ou</strong>cas oportunidadesreais neste <strong>se</strong>ntido, <strong>se</strong>ndo sufocados pelos procedimentosburocráticos e geradores de índices elevados deestres<strong>se</strong> tanto para os diretores como para os docentes.A centralização, a determinação de usos de modelosteóricos e procedimentos específicos reduzem a autonomiaem detrimento da qualidade.Estrutura organizacional é um aspecto que deve<strong>se</strong>r flexível, aberta, dispor de práticas diversificadas e redede comunicação eficiente. Em escolas particulares, emte<strong>se</strong>, é mais fácil dispor de modelos administrativos menosburocráticos, modernos e mais facilmente renováveisdo que ocorre na escola estatal. No Brasil a estruturaorganizacional, com a municipalização do ensino fundamental,poderia alcançar esta condição mais facilmente<strong>se</strong> tives<strong>se</strong> ela própria mais autonomia da estadual.Rede de Apoio Social é uma característica que <strong>se</strong>espera existir no âmbito <strong>escolar</strong> propiciando ao docentea expectativa de <strong>se</strong>r apoiado nas circunstâncias em quevivencie dificuldades pessoais <strong>ou</strong> profissionais. Esta rededeve <strong>se</strong>r estimulada pela equipe técnica, especialmenteno que concerne às habilidades e competências relevantespara o êxito do processo ensino-aprendizagem.Face ao rápido e mutável avanço nas tecnologias <strong>educ</strong>acionais,as condições de formação e de atualizaçãodos docentes precisam <strong>se</strong>r cuidadas para não gerarestres<strong>se</strong> negativo alto que vai <strong>se</strong> evidenciar no contextoda sala de aula. Mas os problemas pessoais, inclusiveos de vida privada, precisam também do apoio aqui referido.<strong>Psic</strong>ólogos <strong>escolar</strong>es, grupos de trabalho e <strong>ou</strong>traspossibilidades podem <strong>se</strong>rvir neste contexto.Estilo de liderança é entendido como forma pela quala chefia direciona <strong>ou</strong> comanda a escola, inclusa está aliderança natural. O estilo de liderança espera-<strong>se</strong> que nãogere uma cultura de pressão, punitiva, com exagero dedemanda, de regras e de normas. Novamente, o psicólogo<strong>escolar</strong> com ba<strong>se</strong> na psicologia organizacional <strong>ou</strong> opsicólogo organizacional atuando em projeto <strong>escolar</strong> específicopodem <strong>se</strong>r de grande valia para os diretores.Sistema de recompensa é um aspecto que deve existirem toda organização para garantir o de<strong>se</strong>nvolvimentopessoal e profissional, a adesão, a organização e o climaadequado. U<strong>sua</strong>lmente, em especial no que concerne aoprofessor, em todos os níveis, não há realmente, no Brasil,um sistema de recompensas <strong>ou</strong> reforços. Só o salárioé ineficiente para <strong>se</strong> falar em sistema. No Estado e nasinstituições particulares, encontram-<strong>se</strong> alguns incentivos,mas como tendem a não ocorrer concomitantemente aode<strong>se</strong>mpenho perdem poder como reforçadores potenciais;além disso, tendem a estar associados apenas ao ladofinanceiro. Como exemplo podem <strong>se</strong>r lembradas as vantagensde qüinqüênios, as mudanças salariais decorrentesde obtenção de título (mestre, d<strong>ou</strong>tor etc), raramentecontingentes. Escapam ao gestor as possibilidades demelhorar estes aspectos e u<strong>sua</strong>lmente fazer que <strong>se</strong>jamreforçados em contiguidade com a resposta. Implanta-<strong>se</strong>a ineficiência. Todavia, o gestor pode cuidar para que<strong>ou</strong>tros reforçadores formem um sistema provendo reconhecimentoe <strong>ou</strong>tros reforços positivos para os docentes,para o que precisa conhecer o que é realmente reforçadorpara os professores. O <strong>Psic</strong>ólogo Escolar pode ajudaraplicando instrumentos específicos para detectar osreforçadores potenciais aplicáveis com êxito provável emcada caso. Isto pode <strong>se</strong>r de grande valia no planejamentodas contingências administrativas e do estabelecimentodo sistema de recompensas.Sistema de Gestão de Conflito é <strong>ou</strong>tro aspecto quetambém deve <strong>se</strong>r preocupação dos gestores acadêmicosjá que, em situação de conflito, <strong>se</strong>mpre <strong>se</strong> tem altosníveis de estres<strong>se</strong> com sérios efeitos no clima da escola,no trabalho com e dos alunos (quanto mais alta a <strong>escolar</strong>idade,pior o resultado), na liderança etc. É precisoque os conflitos <strong>se</strong>jam resolvidos com prontidão, justiça(transparente e com regras explícitas) e eficiência.
Professor-estres<strong>se</strong>: Análi<strong>se</strong> de produção científica 37Valorização do Risco é um cuidado que <strong>se</strong> precisater para as<strong>se</strong>gurar a renovação metodológica,tecnológica, conceitual e <strong>ou</strong>tras. Professores que <strong>se</strong>envolvem em novas propostas, que <strong>se</strong> renovam, precisamde apoio, de reforço para <strong>se</strong> manterem inovadores,por terem assumido o risco do progresso. Ao mesmotempo é preciso cuidar de reforçar <strong>sua</strong> responsabilidade,criatividade e cuidado ao assumir risco, tendo porlastro o conhecimento científico, e experimentar as inovaçõesdentro dos parâmetros da metodologia científica.Nem <strong>se</strong>mpre estes cuidados são tomados e valorizados.Surgem resultados negativos cuja origem é desconhecida,emerge o estres<strong>se</strong> e o quadro <strong>se</strong> complica.Símbolos são itens a <strong>se</strong>rem valorizados como formade dar maior coesão ao grupo. Isto implica em de<strong>se</strong>nvolvere manter ritos, cerimônias, metáforas, festas informai<strong>se</strong> a própria história da instituição, de cada escolaem particular.Valores da sociedade, da comunidade e da própriaescola precisam <strong>se</strong>r cuidados de modo a não <strong>se</strong>constituirem em controles repressivos. É importante queos valores contribuam para integrar as pessoas e paraaumentar a eficiência do grupo. Estratégias de comportamentodevem <strong>se</strong>r usadas para que ocorram afirmaçãopessoal e ativismo em favor dos objetivos da escola.Diversidade Cultural - não <strong>se</strong> pode ignorar que muita<strong>se</strong>scolas convivem hoje com grande diversidade cultural,o que pode gerar conflitos, inadequaçõesmetodológicas, valores divergentes. Isto pede a gestãoda diversidade cultural e a formação do docente para lidarcom ela, conhecendo tecnologias de ensino compatíveis.Caso contrário, poderá ficar alienado e prejudicar<strong>se</strong>nsivelmente o aluno diferente, <strong>ou</strong> ficar muito estressadoface a <strong>sua</strong> incompetência para responder adequadamenteà situação. Isto conduz a <strong>ou</strong>tra ba<strong>se</strong> importante doestres<strong>se</strong> do docente - o contexto da sala de aula.Na sala de aula o professor <strong>se</strong> depara com alunoscom várias características pessoais distintivas e oriundosde famílias cujo ambiente é muito variado emleiturabilidade, valores, clima, estrutura, relaçõesinterpessoais etc. Não estando adequadamente preparadopara tanto acaba enfrentando uma situação de altapressão. O estres<strong>se</strong> atinge níveis que tornam <strong>se</strong>u comportamentoainda mais inadequado à situação. Não tendoaprendido a controlar o estres<strong>se</strong>, o problema evolui paraum quadro ainda mais negativo. Forma-<strong>se</strong> um círculo viciosoe <strong>se</strong> impõe a necessidade de apoio ao docente. Um<strong>Psic</strong>ólogo Escolar competente torna-<strong>se</strong> de grande valia,por um lado, ensinando o professor a lidar com situaçõe<strong>se</strong>stressantes e ajudando-o a controlar os efeitos negativosdo estres<strong>se</strong>. Por <strong>ou</strong>tro lado, informando-o e capacitando-ono uso de procedimentos e tecnologias de ensinomais compatíveis com a diversidade cultural que encontrana sala de aula (Elliot & Dupuis, 2002).Assim, o estres<strong>se</strong> do professor tem muita relaçãocom a <strong>sua</strong> formação acadêmica, que deve capacitá-lomuito bem em <strong>Psic</strong>ologia em tópicos diversos como:tecnologia do ensino, capacidade de planejar e garantir<strong>sua</strong> <strong>educ</strong>ação continuada, conhecimento científico dasvariáveis que influem em docentes e alunos, e mesmoem conhecimento de metodologia científica para quepossa trabalhar com mais <strong>se</strong>gurança, assumir os riscosnas inovações, testando-as adequadamente etc. A salade aula é um laboratório e o docente deve <strong>se</strong>r um pesquisadorcapaz de contribuir para que <strong>se</strong> conheça cadavez mais sobre o que nela ocorre, <strong>se</strong>us personagens, oensino-aprendizagem, as relações interpessoais, os materiais,a organização, a ergonomia etc. O professor deveestar preparado para trabalhar com todos estes aspectos,estes pacotes de variáveis, usando estratégiascomportamentais que evitem os efeitos negativos do<strong>se</strong>stressores que estão associados a esta variedade desituações. Precisa ter competência para pesquisar arealidade em que atua e avaliar cientificamente o impactode <strong>sua</strong> ação.No Brasil, a preocupação com a pesquisa sobreestres<strong>se</strong> vem crescendo e apre<strong>se</strong>ntando resultados muitoúteis e interessantes (Lipp, 1996) e a preocupação emlevar conhecimentos específicos aos professores ger<strong>ou</strong>O stress do professor (Lipp, 2002) em que aspectosgerais e específicos do estres<strong>se</strong> são tratados, tendo porfoco desde o docente alfabetizador ao professor da pósgraduação.Sendo tão complexa a relação estres<strong>se</strong>-professor etão importante a resolução dos problemas decorrentes,é natural que <strong>se</strong> espere uma produção científica queofereça ba<strong>se</strong> para a atuação. Alguns aspectos destaprodução são enfocados a <strong>se</strong>guir.Estres<strong>se</strong>/ Professor: produção no PsycArticleSeria de <strong>se</strong> esperar que a produção científica focalizas<strong>se</strong>a promoção da saúde do professor, a prevençãode problemas como o estres<strong>se</strong>, <strong>sua</strong> satisfação com otrabalho, a remediação <strong>ou</strong> solução de <strong>se</strong>us problemasbiopsicológicos em programas de intervenção, bem comoa avaliação, tanto dos programas de prevenção como<strong>Psic</strong>ologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 1 33-46
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