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Livro Psic. escolar e educ - Para associar-se ou renovar sua ...

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Depressão infantil: Uma contribuição para a prática <strong>educ</strong>acional 81pressão, diretamente relacionada a falta de interes<strong>se</strong> dacriança em participar das tarefas <strong>escolar</strong>es e em funçãodos <strong>se</strong>ntimentos de auto desvalorização (Brumback& cols., 1980).Mokros e cols. (1989) considera que as dificuldadesde aprendizagem podem <strong>se</strong>r confundidas com sintomasde uma desordem afetiva como a depressão. Uma criançapode, na verdade, apre<strong>se</strong>ntar uma desordem afetivae <strong>se</strong>r diagnosticada como tendo dificuldades de aprendizagem.Os autores recomendam ao profissional quetem diante de si uma criança com dificuldade de aprendizagem,avaliar também a possibilidade dessa criançaapre<strong>se</strong>ntar sintomas depressivos (citando Hunt e Cohen).Weinberg e cols. (1989) enfatiza que quando depressãoe dificuldades <strong>escolar</strong>es ocorrem em uma mesmacriança, é importante considerar <strong>se</strong> a depressão é primáriae portanto causa da dificuldade <strong>escolar</strong> <strong>ou</strong> <strong>se</strong> é<strong>se</strong>cundária, <strong>ou</strong> <strong>se</strong>ja, a depressão enquanto resultado dofracasso <strong>escolar</strong>, pois somente depois dessa avaliação épossível a indicação da terapêutica mais apropriada.Em sínte<strong>se</strong>, os estudos descritos sugerem que criançascom dificuldades de aprendizagem e baixo rendimento<strong>escolar</strong> apre<strong>se</strong>ntam mais sintomas depressivosdo que crianças <strong>se</strong>m dificuldades <strong>escolar</strong>es. O declíniono de<strong>se</strong>mpenho <strong>escolar</strong> ocorre com muita freqüênciana criança deprimida e alguns autores sugerem que es<strong>se</strong>comportamento pode <strong>se</strong>r visto como um sinal <strong>ou</strong> umindicador de distúrbio depressivo (Bandim & cols., 1995).Os dados revelam ainda a complexidade do diagnóstico,a dificuldade de profissionais na identificação de ambosos problemas (depressão e dificuldade de aprendizagem)e a necessidade de um olhar cauteloso e crítico dianteda criança, já que um diagnóstico incorreto implica emorientação, encaminhamento e intervenção inadequada(Colbert & cols.,1982).Reconhecendo os sintomas depressivos na criançaAtualmente, o diagnóstico da depressão na criança éba<strong>se</strong>ado nos critérios de diagnóstico para depressão maiorno adulto, descrito no DSM IV (1994). Segundo es<strong>se</strong>manual a sintomatologia da depressão infantil ainda quepossa <strong>se</strong> apre<strong>se</strong>ntar de forma diferenciada e atípica, levando-<strong>se</strong>em consideração variáveis como idade e fa<strong>se</strong>sdo de<strong>se</strong>nvolvimento, os principais sintomas são comuns atodas as idades. No entanto, existem autores que discordamdes<strong>se</strong> ponto de vista, afirmando que a depressão empessoas bem mais jovens pode assumir formas diferentesdo transtorno no adulto (Ajuriaguerra, 1976; Lippi,1985; Rehm & Sharp, 1999; Simões, 1999). Essas manifestaçõesatípicas da sintomatologia depressiva enfatizadapor alguns autores contribuem para o conceito de “depressãomascarada” e equivalente depressivo, o qual sugereque a depressão infantil pode ocorrer, porém é mascaradapor <strong>ou</strong>tros problemas de comportamento comoenure<strong>se</strong>, hiperatividade, insônia, agressividade e ansiedade(Ajuriaguerra, 1976; Simões, 1999; Barbosa & Gaião,2001).De modo geral, um indivíduo com sintomasdepressivos pode vir a apre<strong>se</strong>ntar sérios comprometimentosnas <strong>sua</strong>s relações sociais e familiares, bem comono de<strong>se</strong>nvolvimento cognitivo, <strong>escolar</strong> e emocional(Baptista, 1999). Apesar das controvérsias e dificuldadesno diagnóstico é sabido que a depressão, tanto noadulto como na criança ocorrem alterações no funcionamentodo indivíduo: alterações na forma de pensar,mudanças de humor, de comportamento e alteraçõesorgânicas (White, 1989; Seligman, 1992; Beck, Rush,Shaw, & Emery, 1997).Dentre as alterações na forma de pensar, os estudosrevelam que a criança deprimida, assim como um adultodeprimido, apre<strong>se</strong>nta uma tendência para interpretaros acontecimentos diários de forma negativa,disfuncional, e distorcida da realidade. Os resultados doestudo de McCauley, Burke, Mitchell e Moss (1988)indicaram que as crianças depressivas manifestavamum estilo próprio de pensamento, caracterizado por umavisão pessimista de si e do futuro. Dados <strong>se</strong>melhantesforam encontrados por Kendal, Stark e Adam (1990).Há ainda indícios de que as crianças deprimidas tendema <strong>se</strong>lecionar os eventos negativos de <strong>sua</strong> vida, dand<strong>ou</strong>ma ênfa<strong>se</strong> maior a essas situações negativas, negligenciandoos aspectos positivos dos acontecimentos(White, 1989).Quanto as mudanças de humor, é imprescindível paraum diagnóstico clínico de depressão que a criança, adolescente<strong>ou</strong> adulto apre<strong>se</strong>nte uma alteração no humor.Como ressalta o DSM IV, no caso de uma criança comdepressão, a alteração de humor pode <strong>se</strong> manifestar deformas diferentes, e normalmente <strong>se</strong> revela a partir deum humor irritável, ao invés de tristeza <strong>ou</strong> melancolia.No adolescente, é comum <strong>se</strong>ntimentos de tédio e <strong>se</strong>nsaçãode vazio (White, 1989).As alterações de comportamento são mais comumenteob<strong>se</strong>rvadas em crianças do que em adolescentes e adultos.Os estudos têm sugerido que quanto mais nova umacriança, mais freqüentes são as mudanças de comportamento(Kashani & Carlson, 1987). Entre os comporta-<strong>Psic</strong>ologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 1 77-84

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