58 Neusa Haruka Sezaki Grittide língua estrangeira, lingüistas verificaram que oenfoque estruturalista necessitava de reformas e tentarammudá-lo, dessa vez, centrado no aluno, na <strong>sua</strong> realidade,com enfoque no uso apropriado da língua eminterações comunicativas. Essa visão dá origem ao chamadomovimento comunicativo que pretendia ir além doformal e das normas, oferecendo oportunidades para oaluno poder interagir usando a língua-alvo.Em 1983, ainda em destaque o enfoque comunicativo,instal<strong>ou</strong>-<strong>se</strong> definitivamente no Brasil a propostade Ensino Instrumental de Línguas, internacionalmentepesquisada desde os anos 70. Es<strong>se</strong> ensino instrumentalexplicita como e por que é possível aprender ade<strong>se</strong>mpenhar-<strong>se</strong> adequadamente para fins específicos,em contextos também específicos de uso da línguamaterna <strong>ou</strong> de uma língua estrangeira. Possibilita que<strong>se</strong>jam focalizadas certas habilidades (leitura e escrita,por exemplo), áreas de conhecimento e necessidadesde estratégias específicas (ler para resumir, escreverrelatórios, tomar notas, por exemplo), com con<strong>se</strong>qüenteeconomia de tempo e alcance relativamente precocedas metas pretendidas. Enfim, qualquer habilidadepode <strong>se</strong>r focalizada dependendo da habilidade que oaprendiz necessita.Buscando ensinar o inglês dentro dessa proposição,em uma universidade, situada na região leste da GrandeSão Paulo, foi implantado o Projeto de Curso Instrumentalpara Leitura de Textos em Inglês, cujo objetivo éinstrumentalizar os alunos a ler em inglês. O pre<strong>se</strong>ntetrabalho é uma pesquisa da eficiência do processo ensino/aprendizagemem termos de vocabulário, leitura eescrita, enfocando a aplicação do referido projeto emum curso de graduação na área de <strong>Psic</strong>ologia.A necessidade des<strong>se</strong> estudo <strong>se</strong> fez pre<strong>se</strong>nte na medidaem que a instituição <strong>educ</strong>acional <strong>se</strong> preocupa emcapacitar alunos na formação de futuros profissionaiscompetentes, capazes de atuar em qualquer instituição<strong>ou</strong> empresa. Na verdade, a universidade, como instituiçãoem constante evolução, é responsável pela difusão,geração e de<strong>se</strong>nvolvimento de grande parte do conhecimentocientífico, preparando o cidadão também parauma profissão, além de prepará-lo para a vida. A sociedade,por <strong>ou</strong>tro lado, necessita de profissionais altamentepreparados para ajudá-la a atingir os objetivos socialmentedeterminados, além de favorecer o alcance dasmetas individuais de <strong>se</strong>us membros.É necessário, portanto, a instituição superior oferecercondições reais a fim de que os alunos adquiramconhecimento científico além de fornecer sólida formaçãode qualidade. Assim, é necessário que nas pesquisasos múltiplos aspectos <strong>se</strong>jam enfocados.MÉTODOSituaçãoA coleta de dados foi realizada em uma universidadeparticular situada na zona leste da Grande São Paulo,especificamente no curso de <strong>Psic</strong>ologia. Atualmenteo curso funciona com habilitação em Formação do <strong>Psic</strong>ólogocom ênfa<strong>se</strong> na Área de Saúde, Licenciatura eBacharelado, nos períodos diurno e noturno. O objetivodo curso é atualizar o curso e voltá-lo mais para ciência.O corpo discente está <strong>se</strong>ndo estimulado à produção científicae à participação em congressos, publicações e<strong>ou</strong>tros eventos relevantes na formação do futuro profissionale/<strong>ou</strong> cientista. Atividades de enriquecimentocurricular são freqüentes e a iniciação científica <strong>se</strong> ampli<strong>ou</strong>neste último ano.VoluntáriosA coleta de dados foi realizada com alunos de graduaçãodo Curso de <strong>Psic</strong>ologia. Os sujeitos cursavam o1º ano de <strong>Psic</strong>ologia, <strong>se</strong>ndo uma turma no período diurnoe <strong>ou</strong>tra no período noturno. Os voluntários foramcaracterizados quanto a <strong>se</strong>xo, idade, <strong>escolar</strong>idade anterior,conhecimento de inglês e hábitos de leitura.A amostra ca<strong>sua</strong>l tomada para coleta de dados fic<strong>ou</strong>composta de 28 alunos, <strong>se</strong>ndo 14 do período diurno –GD (grupo diurno) e 14 do período noturno – GN (gruponoturno). A faixa etária des<strong>se</strong>s sujeitos fic<strong>ou</strong> compreendidaentre 17 e 40 anos de idade (GD e GN).Quanto à <strong>escolar</strong>idade anterior, 57% dos voluntáriosdo GD e 93% dos voluntários do GN cursaram o ensinofundamental em escola pública; 43% do GD e 7% doGN em escola particular. Em relação ao ensino médio,50% dos sujeitos do GD cursaram escola pública, e 50%,particular; 64% dos voluntários do GN, escola pública e36%, escola particular.Quanto ao curso particular de inglês, 64% dos voluntáriosdo GD e apenas 36% do GN fazem <strong>ou</strong> já fizeramalgum curso. Em relação à leitura em inglês, 29%dos voluntários do GD e 21% do GN o fazem <strong>se</strong>manalmente;35% do GD e 29% do GN lêem mensalmente, e35% do GD e 50% do GN, respectivamente, nunca lêemem inglês.
Inglês instrumental: Eficiência do ensino para ingressantes do curso de psicologia 59MaterialForam utilizados os instrumentos aqui arrolados edescritos.a) Questionário informativo - por meio do qual foramobtidas as <strong>se</strong>guintes informações: identificação;cursos realizados; atividades profissionais; hábitos deleitura e expectativas quanto ao curso de Inglês.b) Habilidades de Língua Inglesa – busc<strong>ou</strong>-<strong>se</strong> verificaro conhecimento de inglês em relação ao vocabulário,leitura e escrita. A avaliação foi dividida em quatropartes.1. Protocolo de Vocabulário, em Inglês – os sujeito<strong>se</strong>screveram uma relação de palavras soltas, em inglês,envolvendo qualquer área de conhecimento, bem comopalavras de qualquer categoria gramatical;2. Protocolo de Orações, em Inglês, – os sujeito<strong>se</strong>screveram uma <strong>ou</strong> várias orações, em inglês, relacionadascom a área de <strong>Psic</strong>ologia;3. Texto, em Inglês, – leitura de um trecho de umtexto em inglês e escrita de um resumo do que foi lido(resumo em português);4. Texto, em Inglês, – leitura de um trecho de umtexto, em inglês e escrita de um resumo sintetizandoaquilo que foi lido dessa vez em inglês.c) Material para Tradução/ Compreensão de Texto -No final do curso, foram utilizados três ‘abstracts’ deartigos, te<strong>se</strong>s, dis<strong>se</strong>rtações e livros extraídos da ba<strong>se</strong> dedados ERIC da área de Educação e de <strong>Psic</strong>ologia, emque foi solicitada a tradução/compreensão dos três texto<strong>se</strong>m português para verificar o grau de habilidade deleitura e compreensão apre<strong>se</strong>ntado pelo sujeitos. Foipermitido o uso de dicionário bilíngüe.ProcedimentoA coleta foi efetivada em situação natural de sala deaula e dividida em três fa<strong>se</strong>s (pré-teste; intermediário epós-teste). Toda coleta de dados foi feita pela própriaAutora, que assumiu o papel de docente-pesquisadora,contando com o con<strong>se</strong>ntimento dos alunosPré-Teste e IntermediárioFoi distribuído, no início do ano, na sala de aula decada período, o questionário informativo. Em <strong>se</strong>guida,os sujeitos receberam uma folha e foi solicitado que escreves<strong>se</strong>mpalavras em inglês com tempo estipulado deum minuto e meio; escreves<strong>se</strong>m palavras em inglês relacionadascom a área de psicologia – tempo de umminuto e meio (este item foi solicitado apenas no TesteIntermediário); escreves<strong>se</strong>m orações em inglês tambémcom tempo estipulado (dois minutos); les<strong>se</strong>m o texto eminglês e, a <strong>se</strong>guir, foi solicitado que eles escreves<strong>se</strong>mum resumo, em português, e les<strong>se</strong>m <strong>ou</strong>tro texto em inglê<strong>se</strong> que escreves<strong>se</strong>m um resumo, dessa vez em inglês,sintetizando aquilo que foi lido.No final do primeiro <strong>se</strong>mestre, foi aplicado um teste<strong>se</strong>melhante, <strong>se</strong>ndo que os textos em inglês não foram osmesmos aplicados no Pré-Teste.Pós-TesteNo final do curso foi aplicado o mesmo material aplicadono Pré-Teste.Tradução/ Compreensão de TextosA partir dos resumos coletados (abstracts) de artigos,dis<strong>se</strong>rtações e te<strong>se</strong>s da área de <strong>Psic</strong>ologia da ba<strong>se</strong>de dados ERIC, foi feito um acompanhamento e orientaçãona tradução/ compreensão de texto na linguagemescrita para que os sujeitos pudes<strong>se</strong>m familializar-<strong>se</strong> como vocabulário específico da área de <strong>Psic</strong>ologia.RESULTADOSA análi<strong>se</strong> dos resultados foi realizada com a comparaçãodos sujeitos intragrupo, isto é, ob<strong>se</strong>rvando-<strong>se</strong> o de<strong>se</strong>mpenhodo GD e do GN e intergrupos. <strong>Para</strong> essas comparações,foi utilizado o T de Wilcoxon (Siegel, 1956).Toda a análi<strong>se</strong> estatística foi conduzida, tendo por margemde erro o n. sig.=0,02, posto que <strong>se</strong> pretendeu <strong>se</strong>rmais exigente do que comumente <strong>se</strong> faz em CiênciasHumanas, pois buscava-<strong>se</strong> melhor qualidade de ensino eefetivamente capacitar o aluno no uso instrumental deinglês na <strong>sua</strong> área de atuação. Os critérios de avaliação,em alguns itens, têm margem expressiva de subjetividade,o que impede, por <strong>se</strong>u nível de mensuração, usar com<strong>se</strong>gurança estatística paramétrica (Witter, 1996).Análi<strong>se</strong> intragrupoVocabulárioNessa atividade a maior parte das palavras era constituídapor substantivo nos três testes. No GD, o maiornúmero de vocábulos foi 32 no primeiro teste; 34, no<strong>se</strong>gundo; e 51,5 no terceiro. No GN, o maior número foi32 no primeiro teste; 37,5, no <strong>se</strong>gundo; e 45 no terceiro.O Pré-Teste foi nomeado T 1, o <strong>se</strong>gundo teste T 2, e oPós-Teste T 3. A comparação feita foi do número totalde vocábulos apre<strong>se</strong>ntados pelos sujeitos dos T 1e T 2;<strong>Psic</strong>ologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 1 57-68
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