13.07.2015 Views

Livro Psic. escolar e educ - Para associar-se ou renovar sua ...

Livro Psic. escolar e educ - Para associar-se ou renovar sua ...

Livro Psic. escolar e educ - Para associar-se ou renovar sua ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A construção da <strong>se</strong>riação auditiva: Uma análi<strong>se</strong> através da metodologia clínica 91primeiramente de modo vi<strong>sua</strong>l. Depois, quando lhe ésugerido um <strong>ou</strong>tro modo de busca (escutar os sons),aproxima-<strong>se</strong> muito da resposta correta, comparando osom do sino que lhe foi entregue com os <strong>ou</strong>tros (abstraçãoreflexionante/p<strong>se</strong>udo-empírica), mas é traída novamentepor <strong>sua</strong> percepção, desta vez, auditiva, por não possuiresquemas suficientes de diferenciação de intervalospequenos (nes<strong>se</strong> caso, de apenas meio tom).Nessa prova, muitas crianças foram operatórias. Amédia de idade deste nível, foi 9,5. A hipóte<strong>se</strong> para es<strong>se</strong>fato é a de que h<strong>ou</strong>ve maior facilidade de comparaçãodos sons, tendo em vista que a escala já <strong>se</strong> encontravaqua<strong>se</strong> pronta (apenas faltando uma nota). A relação deuma nota com todas as <strong>ou</strong>tras já dispostas de modo corretolev<strong>ou</strong> as crianças operatórias ao êxito através deabstrações p<strong>se</strong>udo-empíricas, em que, no caso operatório,foi necessário fazer a comparação dessa nota comtodas as <strong>ou</strong>tras.Nível III – CAR (11,1) – V<strong>ou</strong> montar a minha escalae tirar um sino. Vira de costas (monto e tiro o mi).Pode olhar. Coloca este sino no lugar certo para queeles continuem do mais grosso ao mais fino. – (comparao mi com cada um e pára no fá, colocando mi nolocal certo, antes do fá) – Como é que tu sabes que elevai aí? – Porque eu comparei ele com os <strong>ou</strong>tros.O sujeito CAR con<strong>se</strong>guiu apropriar-<strong>se</strong> de <strong>sua</strong> açãode modo consciente. Isso fica claro quando repre<strong>se</strong>ntaverbalmente <strong>sua</strong> ação ao final da prova. Encontra-<strong>se</strong> aíum exemplo de abstração refletida sobre o processo deconstrução de <strong>se</strong>riação.O objetivo dessa prova foi o de fazer com que ascrianças pré-operatórias e intuitivas pudes<strong>se</strong>m <strong>ou</strong>vir aescala temperada, mesmo que incompleta (faltando umanota), procurando tornar a tarefa de <strong>se</strong>riação um p<strong>ou</strong>comais acessível, na medida em que fos<strong>se</strong> sugerida umasistemática de organização dos sinos. Porém, isso nãoocorreu. Piaget (1995) diz que a abstração, ainda queba<strong>se</strong>ada sobre as ações de <strong>ou</strong>tra pessoa “está longe deconstituir um processo simples, mesmo quando estasações são simplesmente concernentes à ordemconstitutiva das séries.” (p.161). Embora alguns sujeitostenham con<strong>se</strong>guido realizar a tarefa de introduzirapenas um sino na escala de modo operatório, na horada <strong>se</strong>riação ascendente e descendente, o único sujeitoque oper<strong>ou</strong> completamente foi GAB (6,2). Es<strong>se</strong> fatocomprova que é preciso que a própria criança construaa relação entre os intervalos, por meio da apropriaçãode <strong>sua</strong>s ações, <strong>ou</strong> <strong>se</strong>ja, da coordenação das mesmas.Apenas a escuta (passiva) da escala pronta não é suficientepara <strong>sua</strong> construção. O conhecimento não é adquiridopor meio dos órgãos dos <strong>se</strong>ntidos (nes<strong>se</strong> caso, aaudição). Ele é uma construção por meio da interaçãodo sujeito com o objeto. A relação entre os intervalos daescala, portanto, é uma complexa construção que exigeesquemas de assimilação para a tarefa de organizaçãodos eventos sonoros. A noção de escala, mesmo que<strong>se</strong>ja construída com hipóte<strong>se</strong>s pré-operatórias do própriosujeito, é, <strong>se</strong>gundo Beyer (1988), o pré-requisito paraa construção, ainda que intuitiva, da escala temperada.Seriação Ascendente da EscalaLogo após passarem pelas etapas de diferenciaçãoentre sons graves e agudos, aplic<strong>ou</strong>-<strong>se</strong> em todos os sujeitos,a prova de <strong>se</strong>riação da escala de dó grave a dóagudo (uma oitava). A prova consistiu na organizaçãodos sinos, de modo a formarem a escala de dó.Nível I – VIN (7,6) – Quero que você arrume todo<strong>se</strong>stes sinos do mais grosso até o mais fino, todos emuma fileira. – (procura os sinos <strong>ou</strong>vindo os sons <strong>se</strong>mcomparar uns com os <strong>ou</strong>tros) Pronto! Estes aqui sãoos finos, estes os grossos e estes os normais (apontapara cada <strong>se</strong>paração que fez, pois agrup<strong>ou</strong> os sinos emdois conjuntos de três sinos e um de dois). – Como éque você sabe que estes (aponto para cada grupo) sãomais finos, estes grossos e estes normais? – Por causaque eu toquei. – Vamos ver como você arrum<strong>ou</strong>, então(começo pelo grupo que a criança denomin<strong>ou</strong> de maisfinos: ré, mi, dó grave; depois os que a criança denomin<strong>ou</strong>de mais grossos: sol, fá, lá; finalmente os denominadosde normais: si, dó agudo). Então, você arrum<strong>ou</strong>do mais grosso ao mais fino? – Sim. – E <strong>se</strong> fos<strong>se</strong> paracolocar um ao lado do <strong>ou</strong>tro, todos em uma só carreirinha,como é que você organizaria? – Eu ía... – Faz, então,um do lado do <strong>ou</strong>tro. – (ele organiza na vertical os sinosdois a dois) – Vamos ver como fic<strong>ou</strong> (toco cada dupla:dó grave/sol; mi/fá; ré/lá; dó agudo/si) – Estes primeirosaqui parecem com o som da campainha!Nes<strong>se</strong> primeiro nível, fica demonstrada uma atitudeinicial, na qual a criança procura ordenar um dos sinos,<strong>se</strong>m compará-lo ao conjunto dos <strong>ou</strong>tros, como <strong>se</strong> nãodeves<strong>se</strong> <strong>se</strong>guir uma direção estável na ordem de relaçãodos termos, nem auditiva e nem mesmo vi<strong>sua</strong>l, procurandofazer somente pequenos agrupamentos. Algunsvão simplesmente colocando um sino ao lado do <strong>ou</strong>tro,como foi o caso de VIN, <strong>se</strong>m <strong>se</strong>quer <strong>ou</strong>vi-los. Es<strong>se</strong>súltimos, apesar da similaridade dos sinos, buscam en-<strong>Psic</strong>ologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 1 85-96

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!