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Livro Psic. escolar e educ - Para associar-se ou renovar sua ...

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A construção da <strong>se</strong>riação auditiva: Uma análi<strong>se</strong> através da metodologia clínica 93modo ascendente, quanto descendente. Essa ação dosujeito sobre os objetos retirando deles as característicasde relação entre uns e <strong>ou</strong>tros, <strong>ou</strong> <strong>se</strong>ja, a apropriaçãonão só das características dos objetos, mas das açõesque o sujeito exerceu sobre eles ao relacioná-los é típicada abstração reflexionante. A criança apoi<strong>ou</strong>-<strong>se</strong> sobreabstrações p<strong>se</strong>udo-empíricas do início até o final daprova. <strong>Para</strong> fazer as correções necessárias precis<strong>ou</strong><strong>ou</strong>vir os sinos mais de uma vez. Enquanto, no nível intuitivo(Nível II), as crianças consideram os sinos com<strong>ou</strong>ma espécie de elementos estranhos uns aos <strong>ou</strong>tros,comparando-os apenas com uma globalidade sonora,GAB reage de modo contrário, comparando-os, medindoauditivamente a distância dos intervalos e os situando,tendo em conta simultaneamente as relações “maisagudo do que o anterior” e “mais grave do que o <strong>se</strong>guinte”.Isso demonstra uma grande compreensão em relaçãoàs ordenações auditivas dos intervalos.Apesar da <strong>se</strong>riação perfeita, quando pergunto a GABo que há de <strong>se</strong>melhante nas coisas que fez, a criançaresponde: “Não tem nada de parecido”. Es<strong>se</strong> fato demonstraa inconsciência do processo de abstraçãoreflexionante realizada pelo sujeito. Sua inconsciênciafica clara também ao dar a resposta à questão sobre ométodo utilizado para construir a escala: “Est<strong>ou</strong> prestandoa atenção”. Essas respostas são típicas das operaçõesconcretas. Ou <strong>se</strong>ja, as construções são feitascom ba<strong>se</strong> em abstração p<strong>se</strong>udo-empíricas, na medidaem que a criança compara os sons e os relaciona demodo operatório, mas não possui apropriação conscienteda organização de <strong>sua</strong>s ações (abstração refletida).Não obstante essa falta de consciência de <strong>se</strong>u processode construção, GAB não generaliza o processo de diferenciaçãodos sons somente por abstrações empíricas,visto que essa generalização é apenas extensiva e consisteem encontrar em novos objetos uma propriedadeque já exista neles, mas que é <strong>se</strong>melhante àquela que jáob<strong>se</strong>rv<strong>ou</strong> em <strong>ou</strong>tros (por exemplo, o timbre, quando osujeito compara o som dos sinos ao som de uma campainha).Ela generaliza es<strong>se</strong> conhecimento pelareversibilidade existente em <strong>sua</strong>s operações concretas.Mesmo que o sujeito GAB não tenha atingido o nível doraciocínio sobre enunciados verbais (operações formais),<strong>sua</strong> lógica está apoiada sobre os objetos manipuláveis(operações concretas), o que implica uma lógica de clas<strong>se</strong>s.Sua generalização é feita principalmente pelasabstrações reflexionantes, que consistem em introduzir,em novos objetos, propriedades que eles não possuíam(no caso, a organização via <strong>se</strong>riação, na diferenciaçãoentre graves e agudos), <strong>se</strong>ja porque são tiradas das construçõesde níveis precedentes, <strong>se</strong>ja, sobretudo, porquecon<strong>se</strong>guem reorganizar e construir novas formas queproduzem novos conteúdos. Des<strong>se</strong> modo, pode-<strong>se</strong> dizerque a criação de novidades existente no processo de<strong>se</strong>riação da escala consiste na realização de possibilidadesabertas de novas criações posteriores, por meio daconstruções de níveis precedentes.<strong>Para</strong> verificar um grau mais elevado dereversibilidade do todo (escala completa) propôs-<strong>se</strong> atodos os sujeitos, ao final das provas, que organizas<strong>se</strong>ma escala de modo descendente, <strong>ou</strong> <strong>se</strong>ja, do sino maisagudo até o mais grave (dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dógrave). Como era de <strong>se</strong> esperar, também nessa prova,a reversibilidade completa da <strong>se</strong>riação só ocorreu nosujeito que oper<strong>ou</strong> na <strong>se</strong>riação ascendente.CONCLUSÕESCom ba<strong>se</strong> nas conclusões gerais desta pesquisa, oquadro de classificação por nível de de<strong>se</strong>nvolvimentode todos os sujeitos pesquisados pode <strong>se</strong>r ob<strong>se</strong>rvado noQuadro 1.A construção auditiva em relação ao espaço existenteentre duas notas (intervalo tonal) é bem mais complexado que a construção vi<strong>sua</strong>l, por exemplo, quandoé necessário comparar o tamanho de dois pequenosbastões para a <strong>se</strong>riação vi<strong>sua</strong>l de uma série, na qualexistem vários bastões de diferentes tamanhos que devem<strong>se</strong>r organizados do menor ao maior, <strong>se</strong>gundo a provade Piaget e Szeminska (1972). A diferença de tamanhode cada bastão é <strong>se</strong>mpre a mesma, enquanto a diferençade intervalos é de meio tom entre o mi e o fá eo si e o dó agudo, e, entre as <strong>ou</strong>tras notas, a diferençaé de um tom. Portanto, a medição do espaço via audiçãoé algo bem mais complexo, já que, para comparardois bastões, a criança coloca um ao lado do <strong>ou</strong>tro econ<strong>se</strong>gue ob<strong>se</strong>rvar os objetos em <strong>sua</strong> concretude. Jádois sons devem <strong>se</strong>r comparados mentalmente logo após<strong>sua</strong>s execuções sucessivas, e não simultâneas, pois <strong>se</strong>corre o risco de a criança não con<strong>se</strong>guir diferenciar umdo <strong>ou</strong>tro <strong>se</strong> forem tocados ao mesmo tempo. Assim queé executado, portanto, o som <strong>se</strong> esvai, e a criança permaneceapenas com uma imagem mental deste. Sobreisso, Maffioletti (2002) ob<strong>se</strong>rva que “...a transformação<strong>Psic</strong>ologia Escolar e Educacional, 2003 Volume 7 Número 1 85-96

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