ANISTIA INTERNACIONAL
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ativismo “criminoso” considerado ameaçador<br />
à segurança nacional.<br />
As autoridades também reprimiram a<br />
expressão musical, interrompendo e<br />
compulsoriamente cancelando<br />
apresentações, incluindo algumas<br />
licenciadas pelo Ministério da Cultura e pela<br />
Orientação do Islã, e reprimiram atividades<br />
tais como festas privadas de gêneros mistos<br />
consideradas “socialmente perversas” ou<br />
“não islâmicas”, prendendo centenas de<br />
pessoas e sentenciando muitas à flagelação.<br />
Os líderes oposicionistas Mehdi Karroubi e<br />
Mir Hossein Mousavi, junto com a esposa<br />
deste, Zahra Rahnavard, vêm sendo<br />
mantidos em prisão domiciliar sem<br />
acusações desde 2011. Eles foram<br />
submetidos a frequentes e graves invasões<br />
de privacidade, e seu acesso a cuidados<br />
médicos é inadequado.<br />
As autoridades continuaram a censurar<br />
todos os meios de comunicação,<br />
corrompendo transmissões televisivas via<br />
satélite oriundas do exterior, fechando ou<br />
suspendendo jornais, inclusive o Bahar e o<br />
Ghanoun, e forçando a revista sobre direitos<br />
das mulheres Zanan-e Emrooz a suspender<br />
sua publicação.<br />
Em fevereiro, uma ordem judicial<br />
acrescentou o WhatsApp, Line e Tango à lista<br />
de sites de mídias sociais bloqueadas, que já<br />
incluía o Facebook e o Twitter. A Unidade de<br />
Crimes Cibernéticos das Guardas<br />
Revolucionárias bloqueou ou fechou<br />
centenas de contas de Telegram e Instagram<br />
e prendeu ou convocou para interrogatório os<br />
administradores de mais de 450 grupos e<br />
canais no Telegram, WhatsApp e Instagram,<br />
incluindo centenas de estilistas e<br />
funcionários de boutiques de moda, como<br />
parte de uma repressão intensa às atividades<br />
de mídias sociais que, supostamente,<br />
“ameaçam a segurança moral”.<br />
A também suspensa Associação de<br />
Jornalistas Iranianos enviou, sem sucesso,<br />
uma carta aberta ao Presidente Rouhani<br />
contendo um pedido urgente para que<br />
honrasse a promessa feita na ocasião de sua<br />
campanha eleitoral de 2013 que reverteria a<br />
suspensão da entidade, ao passo que 92<br />
grupos estudantis solicitaram ao presidente<br />
que libertasse as universidades das garras do<br />
medo e da repressão. As autoridades não<br />
permitiram que a Associação Comercial dos<br />
Professores do Irã renovasse sua licença e<br />
condenaram vários de seus membros a<br />
longas sentenças na prisão por acusações<br />
variadas, incluindo “participação em grupo<br />
ilegal”.<br />
As autoridades continuaram a reprimir<br />
protestos pacíficos e a submeter os<br />
manifestantes a agressão e detenções<br />
arbitrárias. Diversos indivíduos continuaram<br />
presos sob a condenação de “reunir-se e<br />
conspirar contra a segurança nacional” por<br />
comparecerem a protestos pacíficos.<br />
Uma nova Lei de Crimes Políticos, adotada<br />
em janeiro e que entrou em pleno vigor em<br />
junho, criminaliza todas as expressões<br />
consideradas “contra o governo do país e<br />
suas instituições políticas e políticas<br />
domésticas e internacionais” e que sejam<br />
empreendidas “com a intenção de reformar<br />
os assuntos do país sem tentar ferir as bases<br />
do sistema”.<br />
TORTURA E OUTROS MAUS-TRATOS<br />
Tortura e outros maus-tratos de pessoas<br />
detidas continuaram a constituir práticas<br />
comuns, especialmente durante<br />
interrogatórios, e foram usadas<br />
primariamente para obter “confissões”<br />
forçadas. As pessoas detidas pelo Ministério<br />
da Inteligência e pelas Guardas<br />
Revolucionárias foram rotineiramente<br />
submetidas a confinamentos prolongados em<br />
solitária, resultando em tortura.<br />
As autoridades falharam sistematicamente<br />
em investigar alegações de tortura e outros<br />
maus-tratos, às vezes ameaçando submeter<br />
os que se queixam a mais tortura e a<br />
sentenças mais pesadas. Os juízes<br />
continuaram a admitir “confissões” obtidas<br />
sob tortura como provas, apesar de tais<br />
confissões serem inadmissíveis perante o<br />
Código de Processos Penais de 2015. O<br />
Código não conseguiu estabelecer o<br />
procedimento que juízes e promotores<br />
devem seguir para investigar alegações de<br />
tortura e garantir que as confissões sejam<br />
Anistia Internacional Informe 2016/17 153