ANISTIA INTERNACIONAL
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maiores mineradoras de ouro e cobre da<br />
região, sobre a titularidade das terras onde<br />
vive — recebeu, em 2016, o Prêmio<br />
Goldman, um prêmio ambiental bastante<br />
respeitado. Apesar de uma campanha de<br />
ameaças e intimidação, na qual afirma que<br />
seguranças a atacaram fisicamente e<br />
também à sua família, Máxima permaneceu<br />
firme e se recusou a encerrar sua luta para<br />
proteger os lagos locais e continuar em suas<br />
terras.<br />
No Equador, os direitos de liberdade de<br />
expressão e associação foram cerceados por<br />
leis restritivas e táticas de silenciamento. A<br />
criminalização da dissidência continuou, em<br />
particular contra os que se opunham a<br />
projetos extrativistas em terras indígenas.<br />
Apesar das alegações de abertura política<br />
em Cuba e do restabelecimento das relações<br />
com os EUA no ano anterior, a sociedade<br />
civil e os grupos de oposição relataram um<br />
aumento na intimidação de críticos do<br />
governo. Defensores dos direitos humanos e<br />
ativistas políticos foram descritos<br />
publicamente como “subversivos” e<br />
“mercenários anti-Cuba”. Alguns foram<br />
submetidos a breves detenções arbitrárias<br />
antes de serem soltos sem acusação,<br />
diversas vezes por mês.<br />
AMEAÇAS AO SISTEMA DE DIREITOS<br />
HUMANOS INTERAMERICANO<br />
Apesar da extensão das dificuldades<br />
relacionadas aos direitos humanos na região,<br />
a Comissão Interamericana de Direitos<br />
Humanos (CIDH), crucial na defesa e<br />
promoção dos direitos humanos e na<br />
garantia de acesso à justiça para vítimas que<br />
não conseguiram esse acesso em seus<br />
países, foi afetada por uma crise financeira<br />
durante a maior parte do ano. A causa foi a<br />
alocação insuficiente de recursos pelos<br />
estados membros da Organização dos<br />
Estados Americanos (OEA), numa<br />
demonstração marcante da falta de vontade<br />
política desses estados para promover e<br />
proteger os direitos humanos dentro e fora de<br />
seus territórios.<br />
Em maio, a CIDH declarou estar<br />
enfrentando a pior crise financeira de sua<br />
história. Havia o perigo real de que o<br />
progresso conseguido pela CIDH no<br />
questionamento das violações graves dos<br />
direitos humanos e da discriminação<br />
estrutural seria enfraquecido, exatamente<br />
quando a CIDH precisava exercer um papel<br />
mais enfático para garantir que os países<br />
cumprissem suas obrigações, de acordo com<br />
a legislação internacional sobre direitos<br />
humanos.<br />
Com um orçamento anual de<br />
USD 8 milhões, o Sistema Interamericano de<br />
Direitos Humanos continuou o sistema de<br />
direitos humanos mais pobre do mundo, com<br />
menos recursos que as entidades<br />
correspondentes na África (USD 13 milhões)<br />
e Europa (cerca de USD 104,5 milhões).<br />
Embora tenham sido recebidas verbas<br />
adicionais para complementar a receita da<br />
CIDH, houve a preocupação de que a crise<br />
política continuaria, a menos que os<br />
governos alocassem os fundos adequados<br />
para a instituição e cooperassem com ela,<br />
independentemente de suas críticas aos<br />
registros de direitos humanos dos países.<br />
Houve fracassos mais específicos para o<br />
apoio à CIDH, também. O governo do México<br />
tentou obstruir seu trabalho no caso<br />
Ayotzinapa, em que 43 estudantes foram<br />
vítimas de desaparecimento forçado depois<br />
de serem presos pela polícia em 2014.<br />
Apesar da alegação das autoridades de que<br />
os estudantes tinham sido sequestrados por<br />
uma facção criminosa, e seus restos mortais<br />
queimados e jogados numa lixeira, um grupo<br />
de especialistas indicados pela CIDH<br />
concluiu que era cientificamente impossível<br />
que tantos corpos tivessem sido queimados<br />
nas condições alegadas. Em novembro, a<br />
CIDH lançou um mecanismo especial para<br />
acompanhar as recomendações dos<br />
especialistas, mas foi difícil garantir o apoio<br />
adequado das autoridades.<br />
PESSOAS REFUGIADAS, MIGRANTES E<br />
APÁTRIDAS<br />
A crise de refugiados na América Central<br />
piorou rapidamente. A violência implacável<br />
nessa região tantas vezes esquecida do<br />
mundo continuou a causar um aumento nos<br />
26 Anistia Internacional Informe 2016/17