ANISTIA INTERNACIONAL
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dezenas de milhares de civis forçados a viver<br />
sitiados, e dos milhões de pessoas<br />
deslocadas internamente ou buscando a<br />
segurança como refugiados.<br />
LIBERDADES DE EXPRESSÃO,<br />
ASSOCIAÇÃO E MANIFESTAÇÃO<br />
Em toda a região, autoridades estatais<br />
restringiram indevidamente e impediram o<br />
exercício dos direitos à liberdade de<br />
expressão, associação e manifestação<br />
pacífica. A maioria dos governos manteve e<br />
aplicou leis que criminalizam o discurso,<br />
escrita ou outra forma de expressão pacífica,<br />
inclusive em redes sociais, que eles<br />
considerem críticos, ofensivos ou insultuosos<br />
em relação às autoridades públicas, símbolos<br />
ou religião, ou que divulguem informações<br />
que os governos gostariam de reter. No<br />
Bahrein, as autoridades processaram e<br />
prenderam defensores dos direitos humanos<br />
por acusações que incluíam “incitação do<br />
ódio contra o regime” e por criticar os<br />
bombardeios sauditas no Iêmen, além de<br />
impedirem que meios de comunicação<br />
empregassem jornalistas que, segundo essas<br />
autoridades, já tivessem “insultado” o<br />
Bahrein ou outros estados do Golfo.<br />
No Irã, as autoridades processaram e<br />
prenderam dezenas de críticos pacíficos, sob<br />
acusações vagas e falsas relacionadas à<br />
segurança nacional. Entre os alvos, estavam<br />
defensores dos direitos humanos, jornalistas,<br />
advogados, sindicalistas, produtores de<br />
filmes, ativistas dos direitos das mulheres,<br />
ativistas dos direitos de minorias religiosas e<br />
étnicas e ativistas contra a pena de morte.<br />
No Kuwait, uma nova lei sobre crimes<br />
cibernéticos penalizou a crítica pacífica online<br />
do governo e do judiciário com até dez<br />
anos de prisão. Outra lei impediu que<br />
qualquer pessoa condenada por insultar o<br />
Emir, Deus ou os profetas pudesse se<br />
candidatar ao parlamento. Críticos do<br />
governo e jornalistas também foram presos<br />
em Omã, onde as autoridades fecharam um<br />
jornal que tinha publicado relatos de suposta<br />
corrupção oficial, e na Arábia Saudita, onde<br />
os tribunais decidiram por penas de prisão<br />
bastante longas por acusações demasiado<br />
amplas, como “rompimento da fidelidade<br />
pelo governante”. Na Jordânia, um homem<br />
armado matou um cartunista, acusado pelas<br />
autoridades de publicar uma imagem que<br />
consideravam “ofensiva” ao Islã. Algum<br />
tempo depois, o homem foi acusado de<br />
assassinato.<br />
O direito à liberdade de associação foi<br />
amplamente cerceado na região. Estados<br />
como Irã, Kuwait, Catar e Arábia Saudita não<br />
permitiram partidos políticos independentes.<br />
Grupos de direitos humanos, como os que<br />
defendem os direitos das mulheres, foram<br />
perseguidos pelas autoridades em diversos<br />
países. No Egito, as autoridades ordenaram o<br />
fechamento de um centro reconhecido por<br />
tratar sobreviventes de tortura e vítimas de<br />
violência política, o congelamento dos bens<br />
de outros grupos de direitos humanos e<br />
publicaram uma nova lei, que impossibilita a<br />
continuação das operações das ONGs<br />
independentes. Na Argélia, o governo buscou<br />
enfraquecer os grupos de direitos humanos<br />
locais, inclusive a Anistia Internacional<br />
Argélia, impedindo que se registrassem<br />
legalmente. Autoridades marroquinas, do<br />
mesmo modo, continuaram a bloquear o<br />
registro legal de diversos grupos de direitos<br />
humanos. No Bahrein, as autoridades<br />
suspenderam a principal associação de<br />
oposição em junho, depois de prender seu<br />
líder em 2014, e apreenderam seus bens.<br />
Em julho, conseguiram a ordem judicial para<br />
sua dissolução. No Irã, a Associação Iraniana<br />
de Jornalistas pediu, sem sucesso, ao<br />
presidente que honrasse sua promessa, na<br />
eleição de 2013, de encerrar sua suspensão.<br />
As autoridades se recusaram a renovar a<br />
licença da Associação Comercial Iraniana de<br />
Professores e prendeu alguns de seus<br />
membros por uma suposta “associação a um<br />
grupo ilegal”. Os Guardas Revolucionários<br />
Iranianos também hostilizaram os defensores<br />
dos direitos humanos das mulheres.<br />
Na Argélia, as autoridades mantiveram a<br />
proibição de quinze anos a todas as<br />
manifestações na capital, Argel, dispersaram<br />
outros protestos à força e prenderam<br />
manifestantes pacíficos. No Bahrein, o<br />
governo continuou a proibir todas as<br />
Anistia Internacional Informe 2016/17 53