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ANISTIA INTERNACIONAL

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gregas (de 854 mil para 173 mil), resultado<br />

do acordo de controle de migração entre a<br />

UE e a Turquia em março. A Organização<br />

Internacional para as Migrações estimou que<br />

cerca de cinco mil pessoas tenham morrido<br />

no mar, um recorde. No ano anterior, foram<br />

3.700 mortos.<br />

O acordo entre a UE e a Turquia foi a<br />

resposta dada pela UE para a chamada<br />

“crise de refugiados”. A Turquia recebeu a<br />

oferta de 6 bilhões de euros para policiar seu<br />

litoral e aceitar o retorno de solicitantes de<br />

refúgio que chegassem às ilhas gregas. O<br />

acordo tinha como base a premissa incorreta<br />

de que a Turquia oferecia aos solicitantes de<br />

refúgio todas as proteções a que teriam<br />

direito na UE. Com um sistema de refúgio<br />

que mal funcionava, e quase três milhões de<br />

refugiados sírios já lutando para sobreviver, a<br />

alegação apenas confirmou a vontade da UE<br />

de ignorar os direitos e a sobrevivência dos<br />

refugiados, para atingir seus objetivos<br />

políticos.<br />

Ainda que o número de chegadas tenha<br />

diminuído para uns poucos milhares por<br />

mês, na média, ainda superava bastante a<br />

capacidade de recepção nas ilhas gregas.<br />

Até o fim do ano, cerca de 12 mil pessoas<br />

refugiadas e solicitantes de refúgio chegaram<br />

aos acampamentos temporários, cada vez<br />

mais superlotados, em condições perigosas e<br />

sem higiene. Devido a essas condições,<br />

revoltas aconteciam com regularidade nesses<br />

acampamentos, e alguns eram atacados por<br />

moradores locais acusados de estarem<br />

ligados a grupos de extrema direita. As<br />

condições para os cerca de 50 mil pessoas<br />

refugiadas e migrantes na Grécia continental<br />

eram apenas ligeiramente melhores. Até o<br />

fim do ano, a maioria havia conseguido<br />

abrigo em centros de recepção oficiais.<br />

Porém, esses centros, em sua maioria, eram<br />

barracas e armazéns abandonados,<br />

inadequados para acomodação por mais do<br />

que alguns dias.<br />

Conforme o fim do ano se aproximava, o<br />

acordo entre a UE e a Turquia continuava<br />

válido, mas aparentava estar cada vez mais<br />

frágil. Por outro lado, ficou claro que ele era<br />

apenas uma primeira linha de defesa. A<br />

segunda iniciativa para barrar as pessoas<br />

que chegavam à Europa foi o fechamento da<br />

rota dos Bálcãs, acima da Grécia, em março.<br />

A Macedônia e, depois, outros países dos<br />

Bálcãs foram convencidos a fechar suas<br />

fronteiras. Para isso, tiveram ajuda das<br />

guardas de fronteira de outros países<br />

europeus. A medida foi defendida primeiro<br />

pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán,<br />

e depois apoiada pela Áustria. Para muitos<br />

líderes da UE, a miséria dos refugiados<br />

encurralados na Grécia era, claramente, um<br />

preço que valia a pena pagar para<br />

desencorajar a vinda de outros.<br />

A falta de solidariedade com os refugiados<br />

e outros estados membros da UE era típica<br />

das políticas de migração da maioria dos<br />

países da UE, que só se uniram nos planos<br />

para restringir a entrada e acelerar os<br />

retornos. Isso ficou claro com o fracasso do<br />

esquema de realocação de refugiados na UE.<br />

Adotado pelos chefes de estado da União em<br />

setembro, com o objetivo de distribuir a<br />

responsabilidade por receber o grande<br />

número de refugiados que chegavam a<br />

poucos países o plano previa a realocação de<br />

120 mil pessoas da Itália, Grécia e Hungria<br />

por toda a UE em dois anos. Depois que a<br />

Hungria rejeitou o plano, decidindo que seria<br />

melhor simplesmente fechar suas fronteiras<br />

de uma vez, sua cota foi realocada para a<br />

Grécia e a Itália. Até o fim do ano, apenas<br />

seis mil pessoas tinham sido realocadas a<br />

partir da Grécia, e pouco mais de duas mil<br />

da Itália.<br />

Ao plano de realocação se juntou outra<br />

iniciativa da UE de 2015: a “abordagem de<br />

ponto crítico”. Esse plano, inspirado pela<br />

Comissão da UE, previa grandes centros de<br />

processamento na Itália e na Grécia, para<br />

identificar e colher as digitais dos recémchegados<br />

e processar os pedidos de refúgio,<br />

realocá-los em outros países da UE ou<br />

mandá-los de volta aos seus países de<br />

origem (ou, no caso dos que chegassem à<br />

Grécia, para a Turquia). Com o componente<br />

de realocação do plano claramente deixando<br />

a desejar, a Itália e a Grécia se viram com<br />

uma enorme pressão para tirar as digitais,<br />

processar e mandar de volta tantos migrantes<br />

42 Anistia Internacional Informe 2016/17

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