06.03.2017 Views

ANISTIA INTERNACIONAL

hym5Zk

hym5Zk

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A Lei de Gestão de ONGs Estrangeiras<br />

estava para entrar em vigor no dia 1 de<br />

janeiro de 2017, criando ainda mais barreiras<br />

aos já limitados direitos à liberdade de<br />

associação, manifestação pacífica e<br />

expressão. Embora a lei tenha sido elaborada<br />

para regular e até mesmo proteger as<br />

atividades de ONGs estrangeiras, estava a<br />

cargo do Ministério da Segurança Pública a<br />

responsabilidade de supervisionar o registro<br />

dessas ONGs, bem como suas operações, e<br />

pré-aprovar suas atividades. O amplo poder<br />

dado à polícia federal para supervisionar e<br />

controlar o trabalho de ONGs estrangeiras<br />

levantou o risco de que a lei possa ser mal<br />

utilizada para intimidar e processar<br />

defensores de direitos humanos e<br />

funcionários de ONGs.<br />

Em 7 de novembro, o Congresso Nacional<br />

do Povo (CNP) aprovou a Lei de Segurança<br />

Cibernética, supostamente para proteger<br />

dados pessoais dos usuários da internet de<br />

ataques de hackers e roubo de dados. No<br />

entanto, a lei também obriga as empresas de<br />

TI que têm operações na China a censurar<br />

conteúdo, armazenar dados de usuários no<br />

próprio país e ter um sistema de registro de<br />

nomes reais contrariando as obrigações<br />

nacionais e internacionais de proteger os<br />

direitos à liberdade da expressão e à<br />

privacidade. A lei proíbe indivíduos ou grupos<br />

de usar a internet para “prejudicar a<br />

segurança nacional”, “perturbar a ordem<br />

social” ou “prejudicar interesses nacionais” –<br />

termos vagos e imprecisos pela lei chinesa<br />

existente - e que podem ser usados para<br />

restringir ainda mais a liberdade da<br />

expressão. A lei consagra o conceito de<br />

“soberania sobre a internet”, que justifica<br />

ampla censura e poderes de vigilância em<br />

nome da proteção à segurança nacional.<br />

Ainda em 7 de novembro, o CNP<br />

promulgou a Lei de Promoção da Indústria<br />

Cinematográfica, que proíbe a produção de<br />

filmes que incluam conteúdos que põem em<br />

risco a segurança nacional, incitem ódio<br />

étnico e violem políticas religiosas.<br />

SISTEMA DE JUSTIÇA<br />

Falhas na lei em âmbito doméstico e<br />

problemas sistêmicos no sistema de justiça<br />

criminal resultaram em tortura generalizada e<br />

outros maus tratos, bem como em<br />

julgamentos injustos.<br />

As autoridades utilizaram cada vez mais a<br />

“vigilância residencial em local<br />

determinado”, um tipo de detenção em que<br />

o preso fica incomunicável e que permitiu à<br />

polícia manter indivíduos presos por até seis<br />

meses fora do sistema de detenção formal,<br />

sem acesso a aconselhamento jurídico à sua<br />

escolha, às suas famílias ou a qualquer outra<br />

pessoa do mundo exterior, colocando os<br />

suspeitos sob risco de tortura e outros maus<br />

tratos. Esse tipo de detenção foi usado para<br />

restringir as atividades de defensores de<br />

direitos humanos, dentre os quais<br />

advogados, ativistas e religiosos praticantes.<br />

DEFENSORES E DEFENSORAS DE<br />

DIREITOS HUMANOS<br />

No final do ano, cinco defensores<br />

continuavam presos e aguardavam<br />

julgamento sob a acusação de “subverter o<br />

poder do estado” ou “incitar a subversão ao<br />

poder do estado”, e outros quatro acusados<br />

de “causar discussões e gerar problemas” ou<br />

“trabalhar para que outra pessoa cruze a<br />

fronteira do país ilegalmente”. Essas<br />

detenções resultaram de uma repressão sem<br />

precedentes, por parte do governo, a<br />

advogados de direitos humanos e outros<br />

ativistas iniciada em meados de 2015. Pelo<br />

menos 248 advogados e ativistas foram<br />

interrogados ou detidos por agentes de<br />

segurança do estado. Pelo menos 12<br />

pessoas detidas durante a repressão,<br />

incluindo os proeminentes advogados de<br />

direitos humanos Zhou Shifeng, Sui Muqing,<br />

Li Heping e Wang Quanzhang, foram<br />

submetidas à “vigilância residencial em um<br />

local determinado” sob suspeita de<br />

participação em crimes contra a segurança<br />

do estado. Familiares desses detidos também<br />

ficaram sujeitos à vigilância policial, assédio e<br />

restrição de seu direito de ir e vir. A assessora<br />

jurídica Zhao Wei e a advogada Wang Yu<br />

94 Anistia Internacional Informe 2016/17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!