06.03.2017 Views

ANISTIA INTERNACIONAL

hym5Zk

hym5Zk

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

mais de 170 mil pessoas, em sua maioria<br />

mulheres e crianças, foram desalojadas na<br />

região do extremo norte do país, em<br />

resultado dos abusos do Boko Haram. No<br />

Níger, mais de 300 mil pessoas precisaram<br />

de ajuda humanitária durante o estado de<br />

emergência na região de Diffa, onde o Boko<br />

Haram realizou a maioria dos ataques.<br />

Muitos governos responderam a essas<br />

ameaças com desrespeito ao direito<br />

internacional humanitário e aos direitos<br />

humanos, através de prisões arbitrárias,<br />

detenção sem direito a comunicação, tortura,<br />

desaparecimentos forçados e assassinatos<br />

extrajudiciais.<br />

Na Nigéria, 29 crianças abaixo de seis<br />

anos, incluindo bebês, estavam entre as mais<br />

de 240 pessoas que morreram em condições<br />

terríveis durante o ano nos famosos quartéis<br />

do centro de detenção de Giwa, em<br />

Maiduguri. Milhares de pessoas capturadas<br />

em prisões em massa no nordeste, muitas<br />

vezes sem evidência contra elas,<br />

continuaram presas em condições sem<br />

higiene e com superlotação, sem julgamento<br />

ou acesso ao mundo exterior. Do mesmo<br />

modo, em Camarões, mais de mil pessoas,<br />

muitas delas presas arbitrariamente, foram<br />

mantidas em condições horríveis e dezenas<br />

morreram em decorrência da tortura, de<br />

doenças ou desnutrição. Em casos em que<br />

os detentos suspeitos de apoiar o Boko<br />

Haram foram julgados, enfrentaram<br />

julgamentos injustos em tribunais militares<br />

nos quais a pena de morte era, de longe, o<br />

resultado mais provável.<br />

Em outros lugares, a situação humanitária<br />

e de segurança nos estados de Darfur, Nilo<br />

Azul e Cordofão do Sul continuou bastante<br />

difícil. Evidências do uso de armas químicas<br />

por forças do governo na região de Jabel<br />

Marra em Darfur demonstraram que o<br />

regime vai continuar atacando a população<br />

civil, sem medo de ser responsabilizado por<br />

violar o direito internacional.<br />

Apesar da assinatura de um acordo de paz<br />

no Sudão do Sul entre o governo e as forças<br />

rivais, o conflito continuou em partes<br />

diferentes do país durante o ano todo, e<br />

chegou à região do sul de Equatória depois<br />

do confronto pesado na capital, Juba, em<br />

julho. Durante o confronto, as forças<br />

armadas, em especial soldados do governo,<br />

cometeram violações de direitos humanos,<br />

incluindo assassinatos e ataques também<br />

contra o pessoal da ajuda humanitária. A<br />

missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS)<br />

foi criticada por não proteger os civis durante<br />

o confronto. Uma resolução do Conselho de<br />

Segurança da ONU para criar uma força de<br />

proteção regional não foi colocada em vigor.<br />

O Conselheiro Especial da ONU sobre a<br />

prevenção de genocídios e a Comissão de<br />

Direitos Humanos da ONU no Sudão do Sul<br />

levantaram a questão de que o cenário de<br />

um genocídio estava sendo preparado.<br />

Na RCA, apesar das eleições pacíficas em<br />

dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, a<br />

situação de segurança piorou próximo ao fim<br />

do ano, ameaçando afundar o país em mais<br />

violência mortal. Grupos armados realizaram<br />

numerosos ataques: em 12 de outubro,<br />

milicianos ex-Selekas de pelo menos duas<br />

facções diferentes mataram no mínimo 37<br />

civis, feriram 60 e incendiaram um<br />

acampamento para pessoas desalojadas<br />

dentro do país na cidade de Kaga Bandoro.<br />

Ainda assim, apesar do derramamento de<br />

sangue e do sofrimento, a atenção do mundo<br />

se afastou ainda mais dos conflitos da África.<br />

É certo que a resposta da comunidade<br />

internacional ao conflito no continente foi<br />

lamentavelmente inadequada, como mostra<br />

o fracasso do Conselho de Segurança da<br />

ONU no que se refere às sanções ao Sudão<br />

do Sul, e a capacidade insuficiente das<br />

operações de paz para proteger civis na RCA,<br />

Sudão do Sul e Sudão. Quase não foram<br />

tomadas providências, mesmo pelo Conselho<br />

de Segurança da ONU e o Conselho de<br />

Segurança e Paz da União Africana (UA),<br />

para pressionar o governo do Sudão a<br />

permitir o acesso humanitário e investigar as<br />

alegações de violações e abusos graves. A<br />

resposta da UA aos crimes previstos pelo<br />

direito internacional e outras violações e<br />

abusos de direitos humanos cometidos no<br />

contexto de conflitos e crises foi lenta,<br />

inconsistente e reativa, em vez de fazer parte<br />

de uma estratégia uniforme e abrangente.<br />

18 Anistia Internacional Informe 2016/17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!