ANISTIA INTERNACIONAL
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ecapturaram importantes cidades do<br />
controle do Boko Haram.<br />
Em sua resposta aos ataques do Boko<br />
Haram, os militares continuaram a realizar<br />
prisões arbitrárias, detenções, maus-tratos e<br />
execuções extrajudiciais de pessoas<br />
suspeitas de serem combatentes do Boko<br />
Haram - atos que culminaram em crimes de<br />
guerra e possíveis crimes contra a<br />
humanidade.<br />
Em maio, o exército prendeu 737 homens<br />
como suspeitos de integrar o Boko Haram,<br />
que foram transferidos para prisões em<br />
Maiduguri, capital do estado de Borno.<br />
Alguns deles foram acusados de serem<br />
"vagabundos incorrigíveis", o que levou a<br />
sentenças de dois anos de prisão e/ou multa.<br />
Em abril, o Ministério da Defesa iniciou a<br />
Operação Corredor Seguro para "reabilitar<br />
combatentes arrependidos e rendidos do<br />
Boko Haram".<br />
Em 13 de outubro, 21 meninas de Chibok<br />
em idade escolar, raptadas em 2014, foram<br />
libertadas pelos combatentes do Boko Haram<br />
após negociações. Das 219 meninas de<br />
Chibok raptadas, 196 permaneciam<br />
desaparecidas.<br />
PESSOAS DESLOCADAS INTERNAMENTE<br />
Havia ainda pelo menos dois milhões de<br />
pessoas internamente deslocadas (IDP) no<br />
norte da Nigéria; 80% delas vivia em<br />
comunidades anfitriãs, e o restante vivia nos<br />
campos. Os campos em Maiduguri<br />
permaneceram superlotados, com acesso<br />
inadequado a alimentos, água potável e<br />
saneamento.<br />
Nos chamados territórios inacessíveis no<br />
estado de Borno, dezenas de milhares de<br />
IDP foram mantidos em campos sob a tutela<br />
de guardas armados pelos militares da<br />
Nigéria e a Força Civil de Ação Conjunta<br />
(CJTF, na sigla em inglês), uma milícia de<br />
civis patrocinada pelo estado formada para<br />
combater o Boko Haram. A maioria dos IDP<br />
não tinha permissão para deixar os campos e<br />
não recebiam alimentos, água, nem cuidados<br />
médicos apropriados. Milhares de pessoas<br />
morreram nesses campos devido à severa<br />
desnutrição. Em junho, em um campo sob<br />
vigilância em Bama, no estado de Borno, a<br />
ONG Médicos Sem Fronteiras relatou que<br />
mais de 1.200 corpos haviam sido<br />
enterrados ao longo do período de um ano.<br />
Tanto o CJFT quanto o exército foram<br />
acusados de exploração sexual de mulheres<br />
nos campos de IDP em troca de dinheiro ou<br />
comida, ou em troca de deixá-las sair dos<br />
campos.<br />
PRISÕES E DETENÇÕES ARBITRÁRIAS<br />
Os militares prenderam arbitrariamente<br />
milhares de jovens, mulheres e crianças, que<br />
fugiram para a segurança de cidades<br />
retomadas, incluindo Banki e Bama, no<br />
estado de Borno. Essas prisões foram<br />
amplamente baseadas em perfis aleatórios<br />
dos homens, especialmente os jovens, em<br />
vez de se basearem na suspeita razoável de<br />
que tenham cometido um crime<br />
devidamente reconhecido como tal. Na<br />
maioria dos casos, as prisões foram feitas<br />
sem investigação adequada. Outras pessoas<br />
foram detidas de forma arbitrária conforme<br />
tentavam fugir do Boko Haram. As pessoas<br />
detidas pelos militares não tiveram acesso a<br />
suas famílias, nem a advogados, e não foram<br />
levadas a julgamento. Mais de 1.500 pessoas<br />
detidas foram liberadas ao longo do ano.<br />
As prisões em massa pelos militares de<br />
pessoas que fugiam do Boko Haram levaram<br />
à superpopulação das instalações prisionais<br />
militares. Nas instalações prisionais militares<br />
dos quartéis de Giwa, Maiduguri, as pessoas<br />
detidas sofriam com doenças, desidratação e<br />
inanição em celas superlotadas. Ao menos<br />
240 detidos morreram durante o ano. Corpos<br />
foram secretamente enterrados no cemitério<br />
de Maiduguri pela equipe da agência de<br />
proteção ambiental do estado de Borno.<br />
Entre os mortos estavam pelo menos 29<br />
crianças e bebês, com idades entre recémnascidos<br />
e 5 anos.<br />
Nos quartéis de Giwa, crianças com<br />
menos de cinco anos ficavam detidas em<br />
três celas femininas superlotadas e<br />
insalubres, junto com pelo menos 250<br />
mulheres e meninas por cela. Algumas<br />
crianças nasceram na prisão.<br />
Anistia Internacional Informe 2016/17 185