ANISTIA INTERNACIONAL
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violência sexual, com escravidão, e<br />
doutrinaram e recrutaram meninos, entre<br />
eles os reféns yazidi, e os usaram nas lutas.<br />
Com o avanço das forças do governo, as<br />
forças do EI impediram os civis de fugirem<br />
das áreas de conflito, usando-os como<br />
escudos humanos e atirando em quem<br />
tentasse fugir, punindo também suas<br />
famílias. Em outras áreas, como na capital,<br />
Bagdá, o EI realizou atentados suicidas e<br />
outros ataques mortais indiscriminados ou<br />
direcionados aos civis em mercados lotados,<br />
templos religiosos xiita e outros espaços<br />
públicos, matando e ferindo centenas.<br />
A Líbia continuou dividida pelo conflito<br />
armado, cinco anos depois da queda do exlíder,<br />
o Coronel Mu’ammar al-Gaddafi. O<br />
Conselho Presidencial do Governo do Acordo<br />
Nacional (GAN), que emergiu das<br />
negociações com o apoio da ONU, não<br />
consolidou seu poder no território. Sua<br />
legitimidade continuou sendo contestada<br />
pelo Parlamento reconhecido da Líbia e pelas<br />
forças que apoiavam governos anteriores e<br />
rivais, com sede em Trípoli, por um lado, e<br />
Tobruk e al-Bayda, do outro. O EI perdeu o<br />
controle sobre a cidade de Sirte para forças<br />
pró-GNA depois de meses de lutas, que<br />
causaram mais uma onda de deslocamento.<br />
O conflito continuou sendo marcado, de<br />
todos os lados, por infrações graves do direito<br />
humanitário internacional, como crimes de<br />
guerra. Várias forças atacaram hospitais e<br />
realizaram ataques aéreos e de artilharia<br />
indiscriminados, matando e ferindo civis. Em<br />
junho, a Organização Mundial da Saúde<br />
informou que 60% dos hospitais públicos em<br />
áreas de conflito tinham parado de funcionar<br />
ou estavam inacessíveis.<br />
Grupos armados e milícias na Líbia<br />
também realizaram raptos, mantendo as<br />
vítimas reféns para troca por prisioneiros ou<br />
resgate, e detiveram civis por conta de suas<br />
origens, opiniões ou supostas afiliações<br />
políticas ou tribais. As forças do EI mataram<br />
sumariamente os combatentes da oposição e<br />
civis em áreas controladas ou contestadas<br />
por eles. Outras forças, inclusive as afiliadas<br />
ao GNA, também cometeram assassinatos<br />
ilegais em Trípoli, Benghazi e em outros<br />
lugares.<br />
Anos de conflito sangrento na Líbia, como<br />
em outros países envolvidos em conflitos<br />
armados, tiveram um impacto devastador<br />
sobre os direitos econômicos, sociais e<br />
culturais, uma vez que o acesso a alimentos,<br />
eletricidade, cuidados médicos, educação e<br />
outros serviços foi drasticamente reduzido.<br />
ENVOLVIMENTO <strong>INTERNACIONAL</strong><br />
Os conflitos armados na Síria, Iêmen, Iraque<br />
e Líbia foram todos exacerbados, em alguma<br />
medida, pelo envolvimento de outros países.<br />
Cidadãos europeus e de outros lugares<br />
viajaram para a região para lutar pelo EI;<br />
forças armadas da Rússia, EUA, Turquia,<br />
Arábia Saudita e de outros países da região e<br />
de outros locais deixaram sua marca de<br />
morte.<br />
Na Síria, forças do governo recapturaram<br />
um território significativo dos grupos armados<br />
da oposição em 2016, ajudadas pelos<br />
combatentes da milícia xiita do Líbano,<br />
Iraque e Irã, além do bombardeio intensivo<br />
russo, que matou e feriu milhares de civis em<br />
áreas controladas pela oposição. Uma<br />
coalizão militar liderada pelos EUA também<br />
realizou ataques aéreos contra o EI e outros<br />
grupos armados na Síria e no Iraque. Forças<br />
dos EUA realizaram ataques na Líbia e no<br />
Iêmen. A coalizão militar liderada pela Arábia<br />
Saudita no Iêmen usou munições de<br />
fragmentação proibidas internacionalmente,<br />
além de outras armas obtidas dos EUA,<br />
Reino Unido e outros países, em ataques<br />
indiscriminados em áreas controladas pelos<br />
hutis e seus aliados, nas quais civis foram<br />
mortos.<br />
Enquanto isso, o Conselho de Segurança<br />
da ONU, bastante prejudicado pelas divisões<br />
entre os estados-membros permanentes,<br />
continuou sem fazer seu trabalho de lidar<br />
com as ameaças à paz e segurança<br />
internacionais e proteger os civis. Houve<br />
pouco ou nenhum progresso no que se<br />
refere às iniciativas da ONU para promover<br />
as negociações de paz. Os órgãos da ONU<br />
lutavam para atender as necessidades<br />
humanitárias que os conflitos geraram para<br />
52 Anistia Internacional Informe 2016/17