ANISTIA INTERNACIONAL
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Fethullah Gülen foram o alvo principal. Em<br />
seis meses de estado de emergência o<br />
governo manteve mais de 40 mil pessoas<br />
presas e sem acesso a julgamento. Houve<br />
evidências de tortura de pessoas presas<br />
logo após a tentativa de golpe. Quase 90<br />
mil funcionários públicos foram demitidos;<br />
centenas de meios de comunicação e ONGs<br />
foram fechados e jornalistas, ativistas e<br />
parlamentares foram presos. Violações de<br />
direitos humanos por forças de segurança<br />
continuaram impunes, em especial no<br />
sudeste predominantemente curdo do país,<br />
onde a população urbana foi submetida a<br />
um toque de recolher de 24 horas. Cerca de<br />
meio milhão de pessoas foram deslocadas<br />
internamente no país. A UE e a Turquia<br />
concordaram com um “acordo de migração”<br />
para impedir migração irregular para a UE.<br />
Com isso, centenas de pessoas refugiadas e<br />
solicitantes de refúgio foram devolvidos à<br />
Turquia pela Europa e órgãos da UE<br />
reduziram suas críticas à situação dos<br />
direitos humanos na Turquia.<br />
INFORMAÇÕES GERAIS<br />
O Presidente Erdoğan acumulou poder<br />
progressivamente durante o ano. Emendas<br />
constitucionais com o objetivo de conceder<br />
ao Presidente ainda mais poderes executivos<br />
foram submetidas ao voto do parlamento em<br />
dezembro.<br />
Confrontos armados entre o Partido dos<br />
Trabalhadores do Curdistão (PKK) e as forças<br />
do governo continuaram, em especial no<br />
leste e sudeste do país, com maioria curda.<br />
O governo federal substituiu prefeitos eleitos<br />
em 53 municípios por pessoas de sua<br />
confiança; 49 desses prefeitos eram do<br />
Partido das Regiões Democráticas (DBP),<br />
curdo e de oposição. Assim como muitos<br />
políticos eleitos, nove parlamentares do<br />
Partido Democrático dos Povos (HDP) foram<br />
presos sem julgamento em novembro.<br />
1 Uma missão de investigação da ONU<br />
para o sudeste foi bloqueada pelas<br />
autoridades, que também impediram ONGs<br />
nacionais e internacionais, entre elas a<br />
Anistia Internacional, de documentar<br />
violações de direitos humanos na região.<br />
Em março, a UE e a Turquia firmaram um<br />
acordo migratório com o objetivo de impedir<br />
a migração irregular da Turquia para a UE.<br />
Como resultado, a UE silenciou sobre os<br />
inúmeros abusos contra os direitos humanos<br />
cometidos na Turquia.<br />
Em 15 de julho, facções das forças<br />
armadas turcas lançaram uma tentativa<br />
violenta de golpe. Ela foi suprimida<br />
rapidamente, em parte por pessoas comuns<br />
que foram às ruas e confrontaram-se com<br />
tanques de guerra. As autoridades<br />
anunciaram que 237 pessoas foram mortas,<br />
entre elas 34 conspiradores do golpe, e que<br />
2.191 pessoas ficaram feridas durante a<br />
noite de violência em que o Parlamento foi<br />
bombardeado e outras infraestruturas civis e<br />
estatais foram atacadas.<br />
Logo depois da tentativa de golpe, o<br />
governo declarou estado de emergência por<br />
três meses, em outubro ele foi prorrogado<br />
por mais três meses, violando uma lista de<br />
artigos do Pacto Internacional sobre Direitos<br />
Civis e Políticos e a Convenção Europeia<br />
sobre Direitos Humanos. O governo aprovou<br />
uma série de decretos que não respeitavam<br />
nem mesmo essas regras mínimas. Quase 90<br />
mil funcionários públicos, entre eles<br />
professores, policiais, militares, médicos,<br />
juízes e procuradores foram demitidos de<br />
seus cargos com base em alegações de<br />
terem ligações com uma organização<br />
terrorista ou representarem uma ameaça à<br />
segurança nacional. Presumiu-se que a<br />
maioria das alegações seriam de ligação com<br />
Fethullah Gûlen, ex-aliado que o governo<br />
turco acusa de ter sido o cérebro por trás<br />
golpe. Não havia um dispositivo legal claro<br />
para recorrer dessas demissões. Pelo menos<br />
40 mil pessoas foram presas sem<br />
julgamento, acusadas de estarem ligadas ao<br />
golpe ou ao movimento de Gülen,<br />
classificado pelas autoridades como<br />
Organização Terrorista Fethullah Gülen<br />
(FETÖ).<br />
Em agosto, a Turquia lançou uma ofensiva<br />
militar no norte da Síria tendo como alvo o<br />
grupo armado Estado Islâmico (EI) e as<br />
Forças de Defesa Popular, grupo armado<br />
curdo afiliado ao PKK. Em outubro, o<br />
234 Anistia Internacional Informe 2016/17