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como a audição eterna que segue em sua mente essencial e pura de não morte e
não renascimento desde tempos sem princípio. Meu Senhor, no silêncio ele
ouve um ensinamento que prossegue! Mais tarde, aprende a ouvi-lo em todos os
lugares e sob todas as condições.
“Por muitas kalpas – tão numerosas quanto as partículas de areia no rio
Ganges – Buda Avaloki-Tesvara, aquele que ouve e responde preces, o bodisatva
da mais terna compaixão, manifestou o ensinamento sagrado sem palavras em
todas as terras de buda dos dez quadrantes do universo e adquiriu poderes transcendentais
de liberdade e destemor ilimitados e fez o voto de emancipar todos
os seres sencientes de sua escravidão e sofrimento. Quão docemente misterioso
é o som transcendental de Avaloki-Tesvara! É o puro som divino. É o murmúrio
moderado da maré recuando. Seu som misterioso traz libertação e paz a todos
os seres sencientes que clamam por ajuda em sua aflição; traz um senso de permanência
àqueles que verdadeiramente buscam atingir a paz do nirvana.
“Enquanto me dirijo ao Senhor Tathagata, ele está ouvindo, ao mesmo
tempo, o som transcendental de Avaloki-Tesvara. É como se, enquanto estamos
em nosso calmo isolamento da prática de diana, viesse a nossos ouvidos o som
do rufar de tambores e nossa mente, ouvindo os sons, ficasse imperturbada e
tranquila; essa é a natureza da acomodação perfeita.
“O corpo desenvolve a sensação ao entrar em contato com alguma coisa, e a
visão dos olhos é sustada pela opacidade dos objetos, e ocorre o mesmo com o
sentido do olfato e do paladar, mas é diferente com a mente-cérebro discriminadora.
Os pensamentos estão surgindo e se misturando e passando. Ao
mesmo tempo ela está consciente dos sons na sala ao lado e dos sons que vêm
de longe. Os outros sentidos não são tão refinados quanto o sentido da audição;
a natureza da audição é a verdadeira realidade da passabilidade.
“A essência do som é sentida tanto no movimento quanto no silêncio; passa
de existente a não existente. Quando não há som, se diz que não há audição,
mas isso não significa que a audição tenha perdido seu estado de alerta. De fato:
quando não há som, a audição fica mais alerta, e quando há som a natureza da
audição é menos desenvolvida. Se qualquer discípulo consegue se libertar dessas
duas ilusões de aparição e desaparição, isto é, de morte e renascimento, ele
atingiu a verdadeira realidade da permanência.
“Mesmo em sonhos, quando todo pensamento aquietou-se, a natureza da
audição ainda está alerta. É como um espelho da iluminação que transcende a
mente pensante porque está além da esfera da consciência tanto do corpo
quanto da mente. No mundo saha, a doutrina do som transcendental, intrínseco,
pode se espalhar por toda parte, mas a classe dos seres sencientes