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desenvolve pensamentos que vêm e vão e não obstante não pertencem ao

cérebro nem a nada e são perfeitamente imaginários. Onde está a origem desses

milhões de pensamentos que passam em desfile contínuo nos sete tipos de rapidez

através do anfiteatro escuro de seu cérebro? Ananda, cada uma dessas bilhões

de bolhas é de uma só essência, essência da mente, e é pura e simplesmente

um pensamento completamente falso e fantástico. E por quê? Porque, se

um pensamento passageiro tivesse origem no cérebro, e o pensamento pertencesse

ao seu cérebro, por que desapareceria e daria lugar a milhões de outros

como ele, cada um deles uma marola adicional e transitória a ser desonduladaem-breve,

como por exemplo um pensamento sobre fazer uma viagem, seguido

imediatamente de um pensamento sobre o que preparar para o jantar. Com certeza

esses são sonhos reais, Ananda, mas são sonhos! Ou, se um pensamento

tivesse origem em algum outro local fora do cérebro, então, supondo que não

houvesse cérebro, ficaria claro que o pensamento não poderia existir independentemente

do cérebro, o que significa o mesmo que dizer que o pensamento é

completamente falso e fantástico.

“Esteja certo, é tudo um tecido espectral no espaço vazio, e, pela discriminação

de aparição e desaparição de pensamentos em seu cérebro, a percepção

universal foi estimulada a partir do sono sem sonhos nas profundezas da mente

essencial, na sua bem-aventurança isenta de imagens, reagindo em ajuste perfeito,

e o pensamento sobre pensamentos apareceu de acordo com as condições

individuais perturbadas do cérebro.

“Ananda, pensar pensamentos é um indicativo da condição doentia da névoa

mórbida que chamamos de ‘mente sã’ e que foi decisiva em transformar os

seres sencientes em bobos deploráveis de falsos pensamentos desde tempos sem

princípio, fazendo-os agir na direção de mortes e renascimentos e assim perpetuando

sua escravidão circundante à medonha roda da existência pesarosa.

“Aqueles que atingiram a iluminação e pararam de reparar naquilo que não

necessariamente existe, isto é, na existência em si, que eles veem claramente

como uma bolha que para todos os efeitos já estourou, estão como que a despertar

do sono, e sua vida passada parece apenas um sonho.”

Embora em seu íntimo Ananda estivesse implícita e verdadeiramente ciente

da importância desse ensinamento de que os seis sentidos são falsos e fantásticos,

em sua mente-pensante ele ainda não havia resolvido dilemas especulativos

referentes à solidez e substancialidade aparentes de elementos como terra, água,

fogo e vento e suas transformações contínuas, que, conforme o ensinamento

prévio de seu Senhor, eram rematadas manifestações imaginárias da mente essencial

ilimitada e nada mais.

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