Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
84/127
deveria mudar e ir embora. Como ela pode ser sua mente verdadeira se, tão logo
cessa o som de minha voz, ela não tem natureza discriminadora?
“Tanto sua mente-cérebro, que é como uma marola, quanto sua essência,
que é como o mar, possuem uma natureza individual e original que é a única e
verdadeira realidade.”
Ananda disse: “Nobre Senhor, se tanto minha mente-cérebro discriminadora
quanto sua essência possuem uma origem, por que a mente essencial,
que é como o mar, que acaba de ser proclamada pelo Senhor Buda como sendo
una com a mente-cérebro discriminadora, não retorna a seu estado natural?”
Mas tão logo perguntou isso Ananda percebeu que estava falando sobre uma
origem que não tinha necessidade de retornar.
E então Buda prosseguiu para detalhar o ensinamento que libertaria os devotos
da assembleia da submissão à percepção falsa.
“Na verdade não existe luminosidade, exceto como percepção da luminosidade
– pois o que é luminoso para a porta?
“A luminosidade não é causada pelo sol; o sol simplesmente torna possível
que haja a percepção de luminosidade no espaço aberto. Para onde vocês remetem
a percepção de luminosidade? Não para o sol. Para a mente que percebe.
“Porque, se vocês remetessem a faculdade de percepção para o sol e dissessem
que ela provinha do sol, então, quando o sol de pusesse e não houvesse
luminosidade, não haveria percepção da escuridão. A percepção é nossa mente
essencial; a luminosidade do sol ou a pálida escuridão da lua são as marolas
condicionais em sua superfície.
“O que seu ouvido sabe de luminosidade ou escuridão? O que seu olho sabe
de silêncio ou som? Saibam então que os fenômenos que os órgãos dos sentidos
percebem não se originam na realidade da mente essencial, mas nos próprios
sentidos.
“Por exemplo, Ananda, a luminosidade do sol que seu olho percebe não se
origina na realidade da mente essencial, que não é nem luminosidade nem escuridão,
mas existe exclusivamente para seus olhos e em seus olhos.
“E você deve saber, Ananda, que o fogo que arde há séculos lá em cima, que
chamamos de sol, que seus olhos, corpo e mente-cérebro percebem, não se origina
na realidade da mente essencial que é o vazio sagrado e está além de todas
as condições de fogo e ausência de fogo, mas existe exclusivamente para os olhos,
corpo e mente-cérebro, e nos olhos, corpo e mente-cérebro.
“Ananda, se você não tivesse corpo, para você não poderia haver chão, e você
poderia passar através dele. Esse é o seu sol.